domingo, 5 de junho de 2011

Meia-esperança


Esperança é o nome vulgar dado aos insetos ortópteros da família dos tetigoniídeos mas, também, designa um sentimento humano valiosíssimo, capaz até de manter vivo alguém que se encontre em situações praticamente insuportáveis. Contrastando com essa concretude do inseto, não seria exagerado dizer que o sentimento de esperança é quase tão abstrato quanto um ato de fé, nem seria de se admirar se acaso o reivindicassem como autêntica instituição cristã. Afinal, o que melhor traduziria a disposição de se suportar agruras presentes sem reais evidências de um futuro melhor? Seja como for, fato é que esperança não pode nunca faltar no repertório emocional humano. Quem nunca ouviu a famosa máxima popular: "a esperança é a última que morre"? Basta que a pessoa que já tenha experimentado certas situações na vida para saber que, sem esperança, tudo parece mesmo perder a importância, inclusive a própria vida.

Para não se apagar, entretanto, a chama da esperança parece necessitar de algum combustível. O solitário que tem um sorriso retribuído, por exemplo, mantém a esperança de, algum dia, deixar para trás a solidão. O moribundo que se sente um pouco melhor guarda a esperança de se recuperar definitivamente. O miserável que consegue se alimentar sente aumentar sua esperança de não mais passar fome. Ao ser chamado para uma entrevista, o desempregado renova suas esperanças de permanecer com sua dignidade. É o melhorar, o progredir no sentido de uma situação mais adequada, portanto, que acaba servindo como "evidência" de que um futuro melhor seja possível, alimentando, assim, a esperança dos seres humanos.

O regredir, por outro lado, vai corroendo qualquer vestígio de esperança que insista em resistir. Ao ver milhões de reais sendo usados para concretar o que restou de terra nas marginais dos rios, ao sofrer com o aumento dos carros devido à precariedade do transporte público nas grandes cidades, ao constatar o pouco caso da administração pública e de muitos cidadãos com toda e qualquer questão que envolva a sustentabilidade das zonas urbanas, ao acompanhar um código florestal ser transfigurado ao sabor de interesses político-econômicos pela casa que representa o povo, a esperança de que nosso meio se tornará melhor vai minguando, pouco a pouco. Tudo, talvez, não passe de mero detalhe, tal como um hífen entre duas palavras, mas que, para mentes mais atentas, pode fazer toda a diferença para se manter viva a esperança neste meio ambiente.

Viva o Dia do Meio-ambiente!

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