sábado, 31 de outubro de 2009

O Doce Veneno da Vingança.


Um policial fora avisado de que sua esposa havia sido estuprada. Perseguindo o criminoso, consegue capturá-lo mas, ao invés de levá-lo sob custódia, assassina-o a sangue frio.

Se você estivesse na posição do policial, qual teria sido sua conduta? Teria agido da mesma forma ou, diferentemente, deixaria o caso a cargo da Justiça? E se seu ente querido lhe tivesse sido subtraído com requintes de crueldade? Mudaria de ideia?

Por serem questões absolutamente delicadas, não há, obviamente, nenhuma intenção de resolvê-las aqui. A ideia é provocar uma auto-reflexão sobre as referências emocionais que, mesmo de forma subliminar, influenciam a racionalidade humana. Além de ingênuo, acreditar cegamente na isenção de nossas conclusões racionais parece ser um tanto perigoso.

A trama acima descrita é o "pano-de-fundo" de uma antiga série de TV chamada Brimstone, com Peter Horton e John Clover, produzida pela Fox no final da década passada e veículada no Brasil pela Warner Channel. A fórmula não era nova: quem não se lembra da saga de Frank Castle e, seu alter-ego, o Justiceiro da Marvel Comics? Há tempos a indústria cultural usa e abusa do sentimento de vingança para alavancar suas vendas. Não haveria qualquer problema se isto não interferisse na forma como as pessoas pensam e, consequentemente, influenciasse na criação ou alteração de políticas públicas.

O que diferenciaria, fundamentalmente, o assassinato cometido em um latrocínio (roubo seguido de morte) de outro por vingança? Ou a tortura cometida por um policial de outra cometida por um criminoso?

Embora seja humanamente justificável que um indivíduo, tomado pela emoção do momento, revide um crime com outro, não é razoável que o Estado faça o mesmo. A instituição da pena de morte, a diminuição da maioridade penal e outros tantos tópicos polêmicos da legislação deveriam ser discutidos à luz da razão e não da emoção, ou até de preceitos religiosos, como vem ocorrendo mais e mais frequentemente a cada novo crime hediondo exibido nos telejornais. Caso contrário, os motivos que levam a tais crimes continuarão existindo, sem que o real problema seja efetivamente combatido. É como se, ao invés da doença, estivéssemos nos ocupando apenas com os sintomas.

A vingança é um veneno suave, cuja satisfação imediata disfarça os danos à quem o ingere. E além de não reverter o evento inicial, a vingança ainda se multiplica e atrai para quem dela se utiliza os mesmos malefícios — ou até piores — infligidos à outrem. Assim, se prejudicial ao indivíduo, tanto mais à coletividade. Portanto, pensar em ações estatais que meramente aumentem a punição e o sofrimento de criminosos não deve ser um caminho inteligente, mesmo porque não são raros problemas psiquiátricos¹ que impedem a associação, por parte do criminoso, da punição imposta com o crime cometido.

Entretanto, é certo que algo precisa ser feito para se proteger sociedade e, para isto, alguns dogmas precisam cair. Não se pode pretender recuperar, a qualquer custo, alguém que seja clinicamente inapto a viver em sociedade, pois isto tende a prejudicar os recuperáveis. Não há como tratar o crime de um jovem com 17 anos e 362 dias de vida da mesma forma que o de outro com 15 anos. Nem existe qualquer justificativa racional, ou aplicabilidade, para um processo judicial durar 10 anos!

Tomara que, diferente do que ocorre na série de TV, não nos encontremos todos no inferno...


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Termodinâmica a Sua Bendita Segunda Lei.


A Termodinâmica estuda sistemas macroscópicos e suas transformações. É uma disciplina absolutamente útil para a física, a química, a engenharia e outros tantos campos de conhecimento humano. Para quem não tem a menor ideia do que isto se trata, sugiro ler a definição muito bem humorada do Luiz, meu colega de blog e de profissão.

Grosso modo, pode-se dizer que, de certa forma, até um regime para emagrecer está ligado à matéria. O acúmulo de energia interna, definida na Primeira Lei, por exemplo... Se você ingere uma certa quantidade calórica, esta é metabolizada e transformada em energia que, se não gasta, acumula-se internamente ao sistema na forma de... Gordura. Assim, ao se comer menos, gera-se menos energia o que, eventualmente, impossibilitará seu acúmulo e até conduzirá seu organismo a consumir a energia previamente armazenada. Aumentar o gasto energético, acabando com o sedentarismo, por exemplo, poderia ser uma alternativa para emagrecer — o  que, na minha opinião, seria mais saudável e menos penoso do que diminuir a comida.

Mas a curiosidade fica, mesmo, é com o bendito Segundo Princípio, no qual se define uma grandeza chamada de entropia: uma espécie de medida da desordem do sistema. Por exemplo, suponha um quebra-cabeças como sendo o sistema. Quando montado, apresenta entropia mínima e quando desmontado, máxima. Ou seja, a cada peça tirada do lugar, a entropia aumenta uma fração. Seria muito simples, não fosse o que estabelece a Segunda Lei: a entropia de sistemas isolados tendem sempre a aumentar para um valor máximo. Surge, então, a pergunta: como se montam os quebra-cabeças?

Pois é... Para resumir a história, ao considerar o universo como um sistema isolado, toda vez que a entropia diminui — montando-se um quebra-cabeças, por exemplo — de alguma forma a desordem no universo aumenta. Em outras palavras, qualquer ordenação feita resulta em uma desordenação maior do universo. O efeito disto é que tudo tende à desorganização! Você tem de gastar energia para se organizar, mas nunca para se desorganizar...

Não acredita? Pare de dar atenção ao local onde coloca as coisas em sua mesa e vai perceber rapidamente o caos se instalar. Ou tente escrever um texto como este e sinta as ideias se debatendo em seu cérebro e o esforço que se faz para que sejam organizadas de uma maneira adequada...

Parece brincadeira, mas quase tudo acaba dependendo da bendita Segunda Lei da Termodinâmica. Não só para os engenheiros, mas para os administradores em sua gestão diária, para os médicos em seus esforços de salvar vidas, para a os policiais mantendo a lei e a ordem, etc.

Seria bom isto funcionasse de forma contrária... Imagine se pudéssemos sacudir a caixa do quebra-cabeças e este sair montadinho! Mesmo menos divertido, seria bem mais útil: o quarto da gente ficaria sempre arrumado!



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Medos


O medo é uma das emoções mais básicas do ser humano e, muito provavelmente, deve estar ligado à morte de forma intrínseca. Isto porque, segundo Charles Robert Darwin (1809-1882) em sua obra A Origem das Espécies, as características de uma espécie devem ser moldadas segundo à seleção natural. Isto nos leva a concluir que, ao longo do remoto passado da espécie humana, indivíduos sem medo devem ter perdido suas vidas mais frequentemente que outros mais medrosos, legando-nos essa característica.

Ainda há, porém, muita gente brava, destemida e corajosa — que também possui seus medos, diga-se de passagem — nascendo e vivendo entre nós. E não apenas este tipo de pessoa, mas os altruístas, os mártires e outros tantos que também devem ter perdido suas vidas com uma frequência similar à dos medrosos. Bom, mas isto já é uma outra história que começou em meados da década de 1970 com Richard Dawkins e pode ser discutido noutro dia.

O fato é que todos sentimos medo, seja de algo concreto ou não. E este medo, geralmente, causa três reações básicas em quem o sente: fuga, ataque ou paralisação. Não saberia dizer qual atitude é melhor ou pior...

Meu amigo Carlos me fez pensar na última das reações citadas, quando, em uma dessas conversas de bar, disse-me que a vida é como uma escada rolante descendente e que, se pararmos, a gente desce! Brindamos à sabedoria de sua analogia — ele e sua noiva com chá e eu com água com gás — e o avisei de que isto seria publicado em momento oportuno. Ei-lo aqui!

Apesar de uma reação natural, o parar, de fato, é danoso em nosso contexto social. Pior, os medos que desencadeiam esse ato vêm se multiplicando na sociedade. Temos medo de acertar, de errar, de ser, de não ser, de conseguir, de não conseguir, de ganhar, de perder... A maioria desses medos, entretanto, assim como seus congêneres, também se relacionam com a morte, mas, neste caso, a do ego, não a do indivíduo.

No livro Inteligência Emocional, Daniel Goleman discorre sobre as vantagens de se saber lidar com as emoções ruins. Ao longo do texto, mostra que o medo de altura, por exemplo, pode evitar que cheguemos à beira de um precipício, poupando-nos de sofrer um acidente fatal. Entretanto, se este mesmo medo começar interferir em nossa vida cotidiana, impedindo que tomemos um avião ou um elevador panorâmico, seus efeitos deixam de ser benéficos.

Portanto, o objeto do medo, não o medo em si, é relevante. E a análise das causas que motivam tal sensação, dentro de nós mesmos, é de extrema importância para se superar a inércia do medo, voltando a se movimentar em direção aos objetivos. Assumir que não é capaz de fazer algo ou de cumprir um prazo, por exemplo, pode operar maravilhas, aliviando tensões, angústias, etc., pois constatar certas limitações calibra nossa auto-imagem com a realidade, antecipa uma eventual ação corretiva e diminui o aparecimento de medos semelhantes — e cabelos brancos.

Mas, lembre-se que se o objeto de seu medo for um leão, é bom você não pensar muito: saia correndo, finja-se de morto ou, em última instância, dê um "mata leão" nele!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Qual o Seu Sonho?


"Donna estava lá, com os olhos tristes e fixos, não no horizonte, mas nas reentrâncias da parede à sua frente. Estava triste. Mesmo jovem, o viço da mocidade esvanecera ao ponto de não mais se notar a presença de sua alma radiante em suas ações cotidianas.

Um anjo percebeu aquele vácuo de felicidade sobre a Terra e desceu de onde estava para entender melhor o que se passava com aquela criatura. Chegou e se foi sutilmente, como vêm e vão os pensamentos, mas foi o suficiente para sentir a tristeza que ia naquele coração. E apesar dos inúmeros conselhos para não interferir nas vidas humanas, decidiu arriscar e passou a imaginar como poderia ajudar naquela situação.

Dizem que o que diferencia os anjos dos deuses é a proximidade que os primeiros têm com os homens. Um deus jamais se ocuparia de um problema humano por conhecer, em sua consciência divina, o contexto e os motivos de cada acontecimento. Os anjos, não. Vez ou outra são seduzidos pela compaixão e, em um ímpeto, acabam por se envolverem com o que é do mundo.

Desta vez, não foi diferente. E o anjo, em sua ânsia de ajudar, moveu céu e terra, interferiu no correr do tempo e conspirou o que podia no universo para permitir que Donna pudesse escolher o que bem desejasse para seu futuro. Em sua lógica angelical, isto acabaria com tamanha angústia e sofrimento.

Assim o fez. Ao terminar, travestiu-se de gente, e foi ter com Donna, mostrando-lhe que não haveria limites para seus desejos e que seu futuro já estava certo, bastando que escolhesse entre as infinitas possibilidades que ele havia arquitetado.

Donna desanuviou o rosto e seus olhos voltaram a brilhar. O anjo, feliz com isto, retomou seu caminho e desapareceu. Ao longe, ainda conferiu mais uma vez os detalhes de tudo o que havia feito e, certo de que as escolhas daquela pessoa a levariam exatamente para onde desejasse, seguiu tranquilo para não mais encontrá-la.

O anjo já não vira quando Donna concluiu que, mesmo com todo o universo ao seu favor, ainda assim não poderia seguir adiante sem que soubesse, antes, para onde queria ir. E o brilho em seus olhos voltou a minguar..."




terça-feira, 27 de outubro de 2009

E agora, Plutão?!


Já faz algum tempo que Plutão deixou de ser um planeta para integrar a categoria dos planetas-anões. Mais que um simples revés em sua gloriosa carreira no sistema solar, o rebaixamento de plutão deixou órfãos um sem número de admiradores, especialmente os astrólogos. Foi isto que o astrônomo Michael Brown, um dos principais responsáveis pelo feito, confirmou em entrevista à Folha de São Paulo (07/09/09) durante a XXVII Assembleia Geral da IAU (International Astronomical Union ou União Astronômica Internacional), ocorrida em agosto deste ano no Rio de Janeiro. Michael disse ao repórter que passou mais de dois anos recebendo mensagens de pessoas descontentes com a destituição do astro...

Bom, pelo que sei, Plutão não se mudou, nem mudou, está lá, exatamente na mesma órbita há alguns bilhões de anos, absolutamente alheio à polêmica aqui criada pelos terráqueos. Da mesma forma, seria bastante razoável supor que sua influência — se é que há alguma — sobre a vida dos mortais aqui da Terra, também não tenha sido alterada. Os astrônomos modificaram apenas a classificação do corpo celeste, mas parece que foi o suficiente para balançar os ânimos da astrologia e de seus seguidores.

Sem entrar no mérito da questão, um tanto engraçada por sinal, a situação serve para ilustrar a importância que as definições e os conceitos, criados pelos próprios seres humanos, exercem sobre a vida dos demais. Às vezes, esquecemo-nos do quanto a forma como pensamos, agimos e concebemos o mundo à nossa volta depende daqueles que nos precederam. Sobre esta base de conhecimento é que evoluímos, exclusivamente, agregando experiências novas e únicas de cada um.

Que nosso legado seja grande! Os astrônomos, pelo menos, vêm fazendo a parte deles ao encontrar novos parceiros de Plutão, como Haumea, Makemake e Sedna. Oxalá isto ajude seus colegas astrólogos a aumentarem a precisão dos horóscopos no futuro...



segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Aikidô e a Harmonia.


O Aikido (合気道), introduzido no Brasil em 1963 por Reishin Kawai, é uma arte marcial japonesa criada por Morihei Ueshiba (1883-1969) a partir de outras artes marciais nas quais também era mestre. Os significados das palavras que formam o nome da arte explicam sua filosofia: "Ai" ou harmonia, "Ki" ou energia e "Do" ou caminho. A técnica consiste em harmonizar-se com as energias do oponente e do mundo, direcionando-as de forma a eliminar a violência, protegendo a si e a quem ataca. Sim, você não leu errado: protegendo a si e a quem ataca.

Não há competição e nos treinamentos, geralmente realizados em duplas, uma pessoa (uke) simula o ataque e outra (tori) aplica o "golpe". Nas torções, por exemplo, quem simula o ataque é beneficiado com um alongamento, enquanto o outro exercita a técnica. Os papéis se alternam ao longo do estudo. E como não há necessidade de força física, o Aikido é excelente para qualquer pessoa que queira aprender a se defender exercitando o corpo, a mente e o espírito.

Mas quem já experimentou treinar, deve ter percebido que as técnicas são, em sua maioria, contra-intuitivas, assim como sua filosofia. Quando pensamos em nos evadir, a técnica ensina que devemos avançar. Quando achamos que a força resolveria, a técnica diz para relaxarmos...

A harmonia não é eficaz apenas na arte marcial, mas também no nosso dia-a-dia. Quando se critica — ou se ataca — um semelhante, este, invariavelmente, colocar-se-á na defensiva, iniciando um embate em que alguém sairá perdedor. De maneira contrária, respeitando e harmonizando-se com o outro, ambos sairão vencedores.


O Grande Mestre (Oo-Sensei), Morihei Ueshiba, costumava dizer que nunca perderia um combate, simplesmente, porque jamais entraria em um.

É uma lição e tanto...

domingo, 25 de outubro de 2009

Haikai Meteorológico.




A despeito do domingo quente, a garoa da noite lembrou que a vida em São Paulo é pouco previsível em termos meteorológicos. Ainda bem que o refresco veio quase na hora de dormir...

Que a poesia do haikai meteorológico aplaque os ânimos dos deuses do caos climático paulistano!



sábado, 24 de outubro de 2009

Pensar Fora da Caixa.


Muita gente conhece aquele desafio dos pontinhos em que se pede para ligar, com apenas quatro retas, todos os nove pontos dispostos na forma de uma grade. Para quem sabe a solução, o problema é simplíssimo. Para quem não sabe, demanda um bom tempo de exercício mental até que a resolução apareça, se é que aparecerá.

Mas se o problema é fácil para alguns e difícil para outros, o que o problema é, em si, fácil ou difícil? Médio, talvez?!

Nenhuma das anteriores... O grau de dificuldade não é intrínseco ao problema, senão gerado pelas limitações de nosso próprio intelecto. Como a maneira dos pensamentos se processarem é absolutamente diferente de uma pessoa para outra, o grau de dificuldade do mesmo problema muda, do fácil ao impossível, de indivíduo para indivíduo.

Entretanto, estabelecendo-se critérios — como o número de pessoas que encontram uma solução, por exemplo —, pode-se medir um grau de dificuldade relativo e atribuí-lo ao problema. Mas este grau, sempre será relativo, jamais absoluto! Logo, a discussão em torno da dificuldade inerente ao problema é vã por ser totalmente subjetiva.

Mesmo assim, insistimos em discutir valores relativos como absolutos nas mais diversas frentes de conhecimento. Uma boa dica para escapar dessa armadilha é se utilizar do auto-questionamento antes de cada nova argumentação, buscando descobrir se o grau de subjetividade da questão não compromete a conclusão.

Já a dica para a solução do problema no início do texto é "pensar fora da caixa" o que, aliás, serve para muitas coisas na vida também...


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Na Contramão.


Contava a história que uma rádio noticiara a presença de um condutor guiando na contramão, em alta velocidade, em uma via expressa movimentada. Eis que ao ouvir a notícia, exclama o motorista: "Um, não! Vários!".

A obviedade na anedota que nos faz rir usa de um comportamento humano não tão incomum como faz parecer nossa intuição. Frequentemente, estamos tão certos de uma opinião ou ponto de vista que acabamos por atropelar qualquer coisa os contradiga, sem nos permitir analisar melhor ações, ideias e situações com mais cuidado.

Outra dessas histórias, já não engraçada, falava de um garoto que atirou um tijolo na porta de um carro importado novinho que passava pela estrada. Seu dono, transtornado de raiva, pára o carro e vai tirar satisfações com o menino que lhe explica o motivo daquilo: necessitava da ajuda de alguém para socorrer o irmão maior que caíra de sua cadeira-de-rodas e o tijolo fora a única maneira que ele encontrou para fazer alguém parar naquele lugar ermo...

A humildade é importante não para o outro senão para nós mesmos, por evitar arrependimentos, permitir o auto-desenvolvimento e ampliar possibilidades. Na língua inglesa, por exemplo, o verbo "entender" (to understand) é formado pela justaposição de duas palavras: "under" que significa abaixo e "stand" que pode ser traduzido como ficar, permanecer. Os significados nos remete, portanto, à necessidade de nos colocarmos em um nível mais baixo para que possamos entender algo. É uma nítida alusão ao respeito e à humildade necessária ao desenvolvimento.

Importante ressaltar, entretanto, que tolerar, compreender, respeitar, entender, etc., não implicam, necessariamente, em concordância, aceitação ou submissão. Muito pelo contrário, permite, além de identificar meios para se evitar, conter ou eliminar um problema, encontrar caminhos para comunicar um ponto de vista pessoal aos demais de maneira mais eficiente.

Entendeu?



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Planejamento ou muita sorte?


Oficialmente, o ser humano é o único animal terrestre capaz de elaborar questionamentos a respeito de sua própria existência. As perguntas, justamente por esbarrarem nos limites da razão humana, são por vezes polêmicas e, frequentemente, sem respostas satisfatórias. A origem do universo é um tema perfeito para exemplificar este problema...

O que deveria ser um amplo e saudável debate, acabou por misturar-se a interesses mundanos e se transformou em um gigantesco problema, dividindo pessoas e nações. À despeito das inúmeras religiões, ceitas, crenças e filosofias existentes, pode-se dizer que, basicamente, há dois tipos de pessoas: as que acreditam em um Criador e as que acreditam no acaso. Afinal, o universo teria sido "planejado" ou simplesmente acontecido?

Estudos cosmológicos revelam que o parâmetro de densidade de nosso universo (um número chamado de ômega, Ω), definido como a razão da densidade observada pela densidade crítica, está em torno de 0,3 (MATTHEWS, Robert. 25 grandes ideias: como a ciência está transformando nosso mundo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. p. 251). A partir deste número, pôde-se calcular seu valor original no momento do "Big Bang", chegando-se ao que seria 0,01 parte em 10¹³ de exatamente 1,0. Qualquer diferença neste número, implicaria em uma expansão cósmica demasiadamente rápida para que galáxias fossem formadas, ou tão lenta que o universo já teria colapsado há bilhões de anos atrás. Note que as chances para que isto tenha ocorrido aleatoriamente são mais ou menos as mesmas que se estimaria para a existência, ou inexistência, de um Criador.

Assim, como parece impossível dizer se a razão está com defensores do "planejamento divino" ou com os defensores da "aleatoriedade", a questão perde sua relevância prática e a decisão pelo que acreditar passa a ser uma opção íntima, pessoal e exclusiva de cada ser humano. A divergência, na realidade, parece decorrer de uma certa confusão entre os papéis da ciência e da crença. A primeira não pretende concluir se Deus existe ou não, mas simplesmente explicar o funcionamento do universo. Já a segunda busca saciar a necessidade de respostas do intelecto humano.

Portanto, crer na sorte ou em um deus é apenas um meio de se encarar a própria existência. Parafraseando Einstein, há apenas duas formas de se viver: uma é acreditando que milagres não existem e a outra, que tudo é um milagre...



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Paz e a Guerra Pela Compreensão.


Discutindo sobre a compreensão mútua, ocorreu-me uma das cenas finais do filme "A.I. - Inteligência Artificial", lançado em 2001, criado e dirigido por dois ícones do cinema, Stanley Kubrick e Steven Spielberg, respectivamente.

Para evitar tornar este texto um "spoiler" do filme para os que ainda não tiveram o prazer de assistí-lo, omitamos os detalhes do contexto em que a cena se insere. Digamos apenas que, nela, o protagonista, em meio a uma civilização de seres futuristas, começa a ter sua "história" vista por um dos membros que o toca. Quando outro toca o primeiro, também tem acesso às mesmas informações. O ato se repete, sucessivamente, até que toda a civilização se interconectasse e, simultaneamente, ficasse ciente dos mesmos fatos.

E o que isto tem a ver com a compreensão mútua? Simples! Se houvesse uma maneira dos interlocutores compartilharem seus próprios pensamentos, provavelmente, nunca mais haveria uma discussão.

É perfeitamente razoável imaginar que, em condições normais, qualquer pessoa pensará e agirá sempre da maneira que lhe parece mais correta, baseando-se em suas próprias experiências e visão de mundo. Se pessoas diferentes compartilhassem essas informações entre si, de maneira exata, a conclusão resultante seria única e não haveria espaço para qualquer discussão. Imagine toda a humanidade, com sua diversidade praticamente infinita, pensando como se fosse um único ser...

Acontece que as pessoas se relacionam através da linguagem e vencer esta barreira não é uma das tarefas mais fáceis. Os psicanalistas, por exemplo, debatem-se com isto o tempo todo: como compreender o que se passa na mente de outra pessoa? Seria mais fácil se tivéssemos uma porta USB na orelha, ou um dispositivo do tipo "bluetooth" para conversar...

A paz e a harmonia, no entanto, dependem da tolerância, empatia, paciência e, principalmente, da compreensão de que, muito provavelmente, se um estivesse no lugar do outro, teria os mesmos pensamentos e agiria da mesma forma. Uma verdadeira batalha introspectiva, já que não se pode fazer com que o outro seja mais tolerante, empático, paciente ou compreensivo. Pode-se apenas motivá-lo nesta direção.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Maldição da Média.


Segundo Houaiss, média é o "valor definido como uma grandeza equidistante dos extremos de outras grandezas". Na prática, média é nada! Aliás, se caíssem o acento agudo e a letra "i", sendo inserido um "r" entre o "e" e o "d", talvez se tornasse alguma coisa...

Os valores extremos são bem conhecidos, mas a média... A média não, tem de ser calculada! Dizem sobre as estatísticas, por exemplo, que se uma família consome dois frangos e outra nenhum, na média, cada uma consome um, logo todos devem estar bem alimentados.

Um time médio não ganha nada. Um profissional médio não é ninguém. Uma música média não faz sucesso. Se você for médio ou média, nem para o inferno você vai! E é por isto existem grávidas ou não, éticos ou não, bit 1 ou bit 0...

Mas dentre todas as "médias", a "classe média" é o que há de mais peculiar. Quem é da classe média sabe que é pobre para os ricos e rico para os pobres. Não ganha o suficiente para fazer o que precisa, mas abunda em recursos para que possa usufruir de algum benefício civil ou estatal... Ou seja, não é nada.

A classe média sofre com esta "maldição" e está fadada ao esquecimento e a muitos anos de sofrimento, tal como Prometeu no Cáucaso — um semideus.



segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nos Barracos da Cidade...


Aproveitando a deixa da postagem anterior, vale lembrar uma música composta por Gilberto Gil e Liminha, em 1985, cuja letra ainda continua bastante atual. A música foi gravada por vários grupos e intérpretes como Cidade Negra e Paula Toller, esta última, junto com Bruno Fortunato e George Israel, em uma participação no Álbum "Um Barzinho e Um Violão ao Vivo".

Nos Barracos da Cidade (Barracos)
(Liminha/Gilberto Gil — 1985)

Nos barracos da cidade
Ninguém mais tem ilusão
No poder da autoridade
De tomar a decisão
E o poder da autoridade
Se pode, não fez questão
Se faz questão, não consegue
Enfrentar o tubarão

Ô-ô-ô, ô-ô
Gente estúpida
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente hipócrita

O governador promete
Mas o sistema diz não
Os lucros são muito grandes
Mas ninguém quer abrir mão
Mesmo uma pequena parte
Já seria a solução
Mas a usura dessa gente
Já virou um aleijão

Ô-ô-ô, ô-ô
Gente estúpida
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente hipócrita


domingo, 18 de outubro de 2009

Perdeu, meu irmão, perdeu!


Ontem (17/10/09), as principais agências de notícia deram conta do abatimento de um helicóptero da Polícia Militar no Rio de Janeiro. Seguiram-se a isto incêndios a ônibus, mais violência de todos os lados e, claro, mais mortes.

Em meio à discussão sobre a entrada de armas pelas fronteiras brasileiras, a audácia crescente dos grupos criminosos organizados e o impacto dos últimos acontecimentos no "projeto olímpico", não ofenderia perguntar: por que não acabar com os morros do Rio?

Os acontecimentos sugerem que as ações tomadas até agora não estejam surtindo o efeito desejado. Além disso,  poucos parecem notar que o dinheiro que equipa a polícia é o mesmo que aparelha o crime organizado, apenas as origens são diferentes — o primeiro de impostos, o segundo do tráfico de drogas. Da mesma forma, a violência criminosa também não difere da violência legal. É como tentar apagar um incêndio com mais fogo: pode até dar certo, mas o risco de acabar tudo em cinzas é muito alto.

A solução talvez já tenha sido escrita há mais de vinte anos: "São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia (...)" (Constituição Brasileira, Artigo 6º, Capítulo II). Por que não colocá-la em prática, fornecendo moradia digna a cada cidadão que dela necessita? Acabando com os "morros", não haveria mais a necessidade de se construir muros para conter seu avanço. Acabando com os "morros", o Estado não precisaria mais de helicópteros e blindados para subí-los. Acabando com os "morros", acabaria também boa parte da falta de dignidade que oxigena o crime organizado lá em cima.

E com tantos "morros" paulistas, mineiros, baianos, brasilienses, gaúchos, amazonenses, etc., talvez não fosse má ideia priorizar o social em meio a tantas outras áreas, só para que pudéssemos usar, para variar, um "ganhamos, meu irmão, ganhamos!".

sábado, 17 de outubro de 2009

O Princípio Antrópico.


O Princípio Antrópico é uma das modernas ferramentas que os teóricos se utilizam para tentar entender o universo — ou multiverso, segundo alguns — em que vivemos. Trata-se do uso de nossa própria existência como prova de que as Leis Físicas devem possuir determinados limites, possibilitando a eliminação de uma série de alternativas decorrentes de cada nova teoria ou hipótese adotada.

Por exemplo, se não fosse possível existir vida inteligente em nosso universo, simplesmente não estaríamos aqui nos fazendo este tipo de questionamento. Parece meio óbvio, não? As consequências deste tipo de afirmação, entretanto, são fantásticas!

Em meados do século passado, o astrofísico Fred Hoyle lançou mão deste argumento, prevendo a ressonância em uma energia muito precisa, necessária à formação do isótopo 12 de carbono, essencial à vida, no núcleo de estrelas. Alguns dias depois um grupo de pesquisadores afirmaram tê-la encontrada, exatamente como previra Hoyle.

Apesar de muitos cientistas se apresentarem céticos quanto a validade ou não desse princípio, seu emprego vem aumentando e, junto com ele, a criação de fascinantes teorias quanto à origem da Terra e de todo o cosmo.

Talvez os antropocentristas do século XV não estivessem tão errados assim...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Além de ser professor, você trabalha?!



Quem já lecionou deve ter ouvido este tipo de pergunta em algum momento. É uma espécie de "ato falho" que mostra bem o valor que se dá a uma das profissões mais importantes para a sociedade.

Dos professores, exige-se tudo. Um bom professor deve se atualizar, ensinar, planejar, criar material didático, corrigir provas e exercícios, fiscalizar presença, bom comportamento e desempenho, tirar dúvidas, contribuir nas metodologias de ensino, educar e... Lecionar.

Para os professores, concede-se nada. Um bom professor raramente consegue viver dignamente com o salário que ganha e, quando consegue, é porque se desdobra em muitos.

O resultado vai, pouco a pouco, aparecendo. O desinteresse pela profissão abre espaço para gente despreparada que, por sua vez, encontra dificuldades para se aperfeiçoar e, por fim, fechando o ciclo, forma mais gente pouco preparada.

E, ao contrário do que muita gente tem pensado, não é apenas o dinheiro que falta ser investido na educação, mas também boa vontade, inteligência e respeito.

Ontem, foi Dia dos Professores. Aos mestres que resistem ao sistema por um ideal de mundo melhor, parabéns!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Ateu, o Cético e a Navalha.


Logo que chegou no céu, o ateu tratou logo de tentar entender o que estava acontecendo. Lembrava-se vagamente de um túnel, de ter visto uma luz e bum! Lá estava ele!

Nada lhe era muito familiar. Praticamente todas as pessoas tinham um aspecto angelical e pareciam pairar alguns centímetros sobre o solo. Este, aliás, era impossível de ser visto devido uma densa neblina, parecendo nuvens, que o encobria. Tudo muito branco e iluminado...

Pegou o primeiro que passou:

— Ei, por favor, que horas são?

— Horas?! Não há tempo por aqui...

— Ah, deixa de brincadeira! Como se chama este lugar?

— Não existe um nome específico. Alguns chamam de Infinito, outros de Paraíso...

— Ih, que conversa estranha... Tá passando bem?

— Ah, já sei, você é novo por aqui... Bom, bem-vindo! Aqui é onde fica o Criador.

— Quem é você?

— Eu?! O cético do lugar. Pela sua conversa, você deve ter vindo da civilização terrestre, não? Já estive entre os seus em algum momento...

— Cético?! Pô, fala sério! E acredita em Deus? Já esteve com Ele?!

— Não, nunca estive com Ele; é muito ocupado! Pra lhe ser bem sincero, cético que sou, tenho lá minhas dúvidas, mas depois de ver tanta coisa aqui, escolhi acreditar nisto. Hoje tenho certeza!

— Vamos lá... Você nunca viu O Cara em toda eternidade que vive aqui... E, nem por isto, as coisas devem ter parado de funcionar, certo? Então, qual é a probabilidade Dele existir? À propósito, você já ouviu falar da "Navalha de Occam"?

— Não está armado, né?

— Claro que não! Falo da teoria sobre a "Lei da Parcimônia"!

— Ah, sim... Lembro-me de ter visto algo sobre isto nas aulas de filosofia enquanto estava entre os seus... Diz que se há várias teorias para explicar um fenômeno, a mais simples é a melhor, não? Mas diga lá, quem formulou esse teorema não era um frade franciscano inglês?! Ele não acreditava em Deus?

— Tá, mas não lhe parece bastante lógico? Quanto mais simples, melhor! Ou seja, não há qualquer necessidade de se colocar um Criador no meio disto!

— Para mim, a teoria mais simples é a de um Deus que tudo pode, sabe e vê! Explica tudo sem qualquer preocupação se as premissas são ou não válidas!

— Por que você é tão descrente de meus argumentos?

— Sou cético, oras...


— Bom, enfim, onde posso conseguir informações mais precisas sobre este lugar?

— Há uma universidade ali. Acho que você vai encontrar o que procura...

O ateu agradeceu e voou para o lugar. De fato era uma universidade local na qual se matriculou de pronto e, imediatamente, passou a frequentar as aulas dadas ali. Aprendeu sobre a relação entre a densidade e a força da gravidade local, o que explicava com perfeição o que havia presenciado logo que chegou. As leis físicas daquele lugar eram diferentes, mas que lhe serviam para entender como as coisas funcionavam...

Depois de muitas aulas e reflexões, quando pouca coisa nova havia para aprender, comentou com o único professor dali e quem, desde o início, tudo lhe ensinara:

— Professor... Depois de tudo o que aprendi, duas coisas ainda me intrigam. A primeira é como vim parar aqui. A segunda é por que tanta gente crê em um Deus, mesmo sem a necessidade de sua existência para que as coisas funcionem no universo.

— Sobre sua chegada, o que pude inferir é que deve ter havido uma espécie de tunelamento quântico entre os dois universos e, por isto, você veio parar aqui. Com relação ao Criador, de fato, não há a menor necessidade de que ele exista, como bem você concluiu pelo uso da teoria da "Navalha de Occam". É apenas uma forma que as pessoas encontraram para aceitar melhor sua existência e viverem mais felizes...

O ateu agradeceu e saiu, tão satisfeito de si e dos esclarecimentos que sequer percebeu o espanto de alguém que aguardava à porta para, também, falar com o Professor. O espantado entrou, saudou rapidamente o acadêmico com um gesto amistoso e logo disparou:

— Senhor, por que não dissestes a ele?

O Criador terminou de juntar os livros, levantou os olhos e apenas sorriu.



quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Emoção x Razão



Após coletar algumas sugestões do pessoal da locadora, dois filmes foram eleitos para serem assistidos: Mais Estranho que a Ficção e Sete Vidas. O primeiro, de 2006, é uma divertida comédia sobre um homem que começa a ouvir uma voz feminina narrando seus próprios atos e sentimentos, até o momento que anuncia sua morte, desencadeando uma busca desesperada do personagem para evitá-la. O segundo, estrelado por Will Smith e lançado neste ano, é um drama sobre a culpa carregada por um homem que se sente totalmente responsável pelas sete vidas ceifadas no acidente de carro em que se envolveu.

De maneiras bem diferentes, ambos tratam de um mesmo conflito, entre o que se passa no íntimo da pessoa e sua própria racionalização dos fatos. No primeiro, uma situação surreal que desafia a lógica e, no segundo, uma condição emocional que vai de encontro à racionalidade...

As manifestações artísticas, em especial a "sétima arte", usam e abusam de conflitos dessa natureza pelo fato da razão e emoção não serem de todo dissociadas. A influência das emoções sobre as inferências lógicas de um ser humano é imprevisível, simplesmente porque esta influência se estende também às premissas e argumentos nos quais se baseia todo exercício da razão. Ou, trocando em miúdos, jamais seremos como o Dr. Spock em Jornada nas Estrelas, não importando o quanto nos esforcemos para isso.

A necessidade de razão e emoção coexistirem, mais que saudável, parece ser fundamental na designação da espécie humana. Surpreendente, no entanto, é como isto pode ser tão frequentemente esquecido nas ocasiões em que se depara com uma conclusão, aparentemente ilógica, de um semelhante. Quem nunca se irritou com as ideias estapafúrdias de um interlocutor?

Compreender o ponto de vista alheio, entretanto, além de muito útil nas relações interpessoais, também o é para o auto-desenvolvimento, pois exercita a humildade. É mais ou menos como assistir um filme sabendo, previamente, seu final. Você pode até discordar do desfecho, mas ainda assim o desenrolar e as implicações ao longo da história serão, provavelmente, muito interessantes.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cada Louco...


Ontem passou na GNT um documentário de Louis Theroux sobre "A Família Mais Odiada da América". Em linhas gerais — faltou paciência para assistir a tudo —, uma família de Kansas criou uma Igreja Evangélica que, entre outras bizarrices, grita palavras de ordem e sustenta cartazes do tipo "America is doomed!" e "God hates fags!" ("A América está condenada!" e "Deus odeia bichas!", em tradução livre) nos cerimoniais fúnebres de soldados estadunidenses. Condenam homossexuais, adúlteros, pervertidos de toda ordem, além de religiões e governos que toleram o homossexualismo e/ou não seguem, estritamente, as "palavras de Deus" que eles pregam, ou seja, condenam quase todo mundo exceto eles mesmos.

O apresentador conversou com vários integrantes e suas considerações foram todas refutadas ou absolutamente ignoradas. Portanto, ele, assim como o resto do planeta, deve ir direto para o inferno quando morrer.

O que esses evangélicos pregam ou acreditam não é importante, afinal de contas, cada um dirige sua fé para aquilo que deseja. Mas o ponto digno de nota é o (pseudo-)ceticismo e a absoluta falta de reflexão crítica do grupo com relação à argumentação do repórter. Este tipo de comportamento parece permear as mais diversas facetas da racionalidade humana, ganhando seguidores indiscriminadamente, desde um ateu irredutível até um místico inveterado. Incluamo-nos aí com todas as nossas certezas sobre qualquer assunto: existência, política, religião, etc.

Sócrates, que é lembrado até os dias de hoje pelo que pensava há mais de dois mil anos atrás, dizia em uma de suas célebres frases: "Só sei que nada sei".

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Feliz Dia das Crianças!


Coincidência ou não, justamente no Dia das Crianças, notei um livro que minha namorada lia para seus estudos de francês. Chamava-se "Moi Nojoud, 10 ans, Divorcée" ou, em tradução livre, "Eu, Nojoud, 10 anos, Divorciada" de Nojoud Ali com a colaboração da jornalista francesa Delphine Minoui, até o momento sem tradução para o português.

O livro editado neste ano em Paris, é a autobiografia de uma menina, Nojoud, quinta de onze filhos de uma família pobre no Iêmen, obrigada a se casar aos 10 anos com um homem 20 anos mais velho que ela. Seu marido a estuprou e a espancou, mesmo sob a promessa de aguardar até o final de sua puberdade para consumar o casamento. Ao voltar e pedir ajuda à sua própria família, Nojoud foi devolvida para que a honra familiar não fosse manchada. Mas sem desistir, apelou à Justiça e acabou por inspirar várias outras meninas árabes em situação semelhante a fazer o mesmo, culminando, posteriormente, na desautorização legal, por parte da assembléia do Iêmen, da possibilidade de se forçar o casamento de uma menina menor de 17 anos.

Às crianças, principalmente aquelas que resistem com sua doçura ao amargor do mundo adulto, parabéns pelo vosso dia!

domingo, 11 de outubro de 2009

Orçamentos Universais.


OVNI é um acrônimo originado dos termos “Objeto Voador Não Identificado”. Isto significa que, virtualmente, qualquer coisa que voe e não possa ser identificada se trata, a princípio, de um OVNI. Obviamente, o termo é usado hoje, quase que exclusivamente, para identificar o que se acredita serem naves de seres extraterrestres.

O assunto é polêmico e muita coisa é dita e escrita a respeito disso, gerando opiniões que variam da absoluta alucinação individual até embasadas teorias de conspiração de grupos e países. Impossível saber se os supostos seres existem mesmo, enquanto eles mesmos não decidirem pousar o disco voador em um estádio de futebol lotado para conversar com os presentes.

Em 22 de julho deste ano, entretanto, a Revista Istoé Independente publicou uma reportagem sobre a liberação de parte dos arquivos secretos da Aeronáutica Brasileira, confirmando, não só a ocorrência das investigações de OVNIs em território nacional, como também a criação de um órgão estatal secreto para realizá-las. Desconsiderando o mérito sobre a veracidade dos eventos, o fato é que, pela primeira vez, fontes oficiais dão conta deste tipo de fenômeno por aqui.

Outros países também parecem ter começado uma liberação sistemática deste tipo de informação, entre eles a Inglaterra, a França e o Canadá. Parece que os EUA foram forçados por decisão judicial... No Brasil, segundo a reportagem, "das cerca de duas mil páginas de relatórios, 500 fotografias e 16 horas de filmagem documentadas pelos militares do I Comar, de Belém", referentes à Operação Prato, considerada a mais intrigante, "apenas 200 páginas e 100 fotos tornaram-se públicas". As informações estão disponíveis no Arquivo Nacional, em Brasília.

Sem mencionar o deliberado filtro estatal de informações, alimento para muitas teorias da conspiração, vale notar que o dinheiro do contribuinte percorre caminhos que vão muito além das tradicionais — ainda que eventuais — destinações escusas dadas por maus políticos. O orçamento público possui empregos difíceis de imaginar até pelos autores de histórias em quadrinhos.

sábado, 10 de outubro de 2009

Nobel de Obama e a Teoria do Dedo na Porta.


Dentre essas anedotas infames que a gente escuta em uma roda de cerveja com os amigos, uma delas contava a história de um sujeito que encontrou outro, repetidamente, apertando o dedão da mão na porta até gemer de dor, liberando-o em seguida juntamente com um suspiro aliviado. Intrigado, o primeiro perguntou o porquê daquela sessão masoquista, enquanto o outro respondeu: “é porque quando se para de apertar, dá um alívio tão grande!”.

Não deve ter passado coisa muito diferente na cabeça da equipe da Fundação Nobel para, nesta última sexta-feira, divulgar como o novo ganhador do Prêmio Nobel da Paz o atual presidente dos EUA, Barack Hussein Obama. A política externa do “experiente” George W. Bush era tão bizarra que seu sucessor parece ser, de fato, digno de tal comenda, mesmo sem progressos notáveis com relação à paz mundial. Curiosamente, à época da campanha presidencial estadunidense, Barack Obama foi extremamente criticado por sua inexperiência internacional.

A esperança agora é para que a paz realmente se consolide nas regiões, e entre os povos, cujos futuros dependem de posicionamentos mais humanos e tolerantes da Casa Branca.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

(As)Segure-se!


Sabe a sua senha do banco? E a do e-mail? Da empresa, da escola, do seguro, do carro, da TV... Pois é, senha pra caramba! Difícil de memorizar tudo!

Há quem se arrisque deixando todas as senhas iguais ou usando nomes e datas de aniversários... O fato é que com a popularização dos sistemas eletrônicos vem aumentando — e muito — o número dessas "assinaturas" virtuais. Na mesma proporção, multiplicam-se também as fraudes e os crimes associados ao uso indevido da identidade virtual de outrem.

Pois bem, conhecidos por possuírem um dos sistemas bancários mais seguros do mundo, os bancos brasileiros lançaram mão de uma porção de dispositivos anti-fraudes, a ponto de tornar profundamente irritante o uso de qualquer um dos serviços de auto-atendimento. Hoje, não há como fazer uma transação financeira sem, no mínimo, duas senhas diferentes, mais um número de um cartão seriado ou daquele aparelhinho chamado de "iTolken" (não, não é o autor de Senhor dos Anéis!).

Seria fantástico se toda essa parafernália não visasse exclusivamente a segurança — de quem? — dos próprios bancos ou das instituições que dela se utiliza. Afinal, se o cliente for assaltado, por exemplo, obviamente o criminoso levará o que necessitar para sacar o dinheiro ou fazer a operação que deseja (carteira de identidade, cartão do banco, o tal aparelho ou até a própria pessoa). O cliente pode, entretanto, escolher não portar o cartão ou o "iTolken", mas neste caso, também não poderá usar os serviços bancários que dependem deles.

Segundo uma matéria publicada no caderno de Ciência da Folha de São Paulo no dia 15/07/2009,  um pesquisador da Microsoft, Dinei Florêncio, verificou que uma das principais vulnerabilidades da segurança virtual ainda é a engenharia social, ou seja, a observação e análise das práticas e costumes da vítima a fim de se obter informações, ou até a própria senha, para conseguir o acesso indevido. O estudo mostra que técnicas como forçar o usuário alterar frequentemente a senha, ou usar combinações exdrúxulas de difícil memorização, pode ter um resultado oposto ao desejado, já que a probabilidade da pessoa ter de registrar a informação em algum lugar, ou portar lembretes, passa a ser maior.

Com tanta coisa, fica difícil entender como um débito pode ser feito automaticamente na sua conta corrente, sem qualquer confirmação — acreditem, nem do nome! —, mas o titular não pode sacar um centavo se não tiver a posse do cartão ou das senhas ou do número seriado ou... Complicado entender também o porquê de, às vezes, ser impedido de realizar uma compra por não querer fornecer o próprio endereço, mas, quando fornecido, quase nunca ter sua veracidade checada. Ou, em uma compra com o cartão de crédito, que não exibe foto, quase nunca ser solicitada a carteira de identidade.

Como um professor disse certa feita, Deus limitou a inteligência do homem, mas se esqueceu de fazer o mesmo com a burrice...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Emaranhamento Quântico.


A Física é sensacional e reflete bem o que seja, e como funciona, a racionalidade humana. Similar a outras ciências, resume-se na criação de modelos que expliquem fenômenos físicos do universo no qual estamos imersos. A validade desses modelos são verificados pela confirmação de suas consequências teóricas através da observação experimental.

Foi exatamente isto que o ocorreu com a Mecânica Quântica que acabou detonando a visão determinística que a Física possuía até então. E mesmo Einstein, inovador incontestável, faleceu ainda incrédulo dos efeitos previstos pela Teoria Quântica — o experimento EPR que idealizara para contradizer as previsões só pode ser realizado alguns anos após sua morte e, de forma irônica, acabou por contradizê-lo definitivamente. A Equação de Schrödinger, por exemplo, previa a sobreposição de estados quânticos o que, na prática, significava a impossibilidade de se conhecer com exatidão um dado estado da partícula (velocidade e posição definidas) porque a simples observação o alteraria.

O resultado mais intrigante, entretanto, ainda estava por vir: o Emaranhamento Quântico. O citado experimento EPR, idealizado em 1935 por Einstein, Podolsky e Rosen, previa que se uma partícula se dividisse em outras duas idênticas, viajando diametralmente opostas, a observação de uma delas não influenciaria na outra e cujo estado poderia ser definido apenas pelos cálculos newtoniano-relativísticos clássicos. Ledo engano! As partículas, posteriormente ditas emaranhadas, correlacionam-se de alguma forma, mesmo separadas espacialmente.

Simplificando, imagine um par de cadernos emaranhados: um exemplar aqui e outro aí na sua frente. O que fosse escrito aí, seria instantaneamente escrito aqui e vice-versa.

Os possíveis usos desta propriedade vão desde o processamento paralelo na computação quântica até o teletransporte, passando por chaves criptográficas invioláveis.

Agora, quando alguém lhe falar sobre universos paralelos, viagens no tempo, telepatia, etc., pense muito bem antes de achar que a pessoa é completamente louca...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O mundo é dos "puxa-sacos".


À despeito da educação formal e familiar que nos ensina a importância de valores como empenho, seriedade, profissionalismo, etc., o mundo é dos "puxa-sacos"! Basta uma rápida olhada ao redor. Quem nunca presenciou a atuação desses seres no seu cotidiano?

Eles estão espalhados por toda parte: corporações, comunidades, universidades, instituições ou onde quer que haja algum tipo de relação social. São parasitas velados da sociedade que vivem sugando o fluido pegajoso que corre nos "vasos-de-poder", leia-se: autoridades.

É triste, mas olhando por um prisma darwiniano, trata-se apenas de uma adaptação da espécie às condições impostas pelo meio ambiente. Traduzindo: só existem "puxa-sacos" porque a sociedade está repleta de gente que gosta e se apoia neste tipo de relação. A questão, portanto, não são os "puxa-sacos" mas o que os alimenta...

Onde quer que uma pessoa atue, cedo ou tarde encontrará um desses exemplares em seu caminho. E quando isto ocorrer, o reconhecimento de seu trabalho dependerá da sua capacidade de se adaptar, tornando-se também um "puxa-sacos", ou de dominar a situação pelo uso de toda a inteligência, racional e emocional, disponível. A escolha é difícil porque a tarefa é, de fato, muito dura. Mas saber da existência do problema e, de forma ética, contorná-lo teria a vantagem de evitar a metástase desse câncer social.

Será a "Evolução das Espécies" aplicável neste caso?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Igualando a Diferença.


Quem não se orgulha de sua própria individualidade? Logicamente, esta individualidade é fruto das incontáveis diferenças que as pessoas possuímos, umas em relação às outras. Fulano torce para o São Paulo, beltrano para o Cruzeiro e sicrano para ninguém. Há quem seja de esquerda, de direita, de centro... Ou quem frequente centro de Umbanda, Igreja ou a academia. O fato inconteste é que a diferença é parte inseparável de nossas existências.

Ao mesmo tempo que as infinitas personalidades são exaltadas como marcas próprias, essas mesmas diferenças originam discórdia, intolerância e até genocídios. Detalhe: pelas mesmas pessoas!

O que faz de um ateu alguém melhor que um evangélico? Ou um estadunidense melhor que um etíope? Alguém materialmente rico melhor que alguém materialmente pobre?

Parece que no final das contas, a diferença é suicida e todo mundo quer que o outro seja igual a si próprio. Vai entender...



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Para Quem Não Viu a Lua...



A lua estava lá. Pendurada no céu soturno e anegrejado, ela sorria ao paulistano ou paulistana que, por volta das 20:00h, parou um minuto e olhou para cima. Creme, gigante, indizível... Quase uma bola de queijo emmenthal com a coloração de cheddar, parcialmente encoberta por nuvens que teimavam em não deixá-la só. E mesmo com seu brilho lânguido, ofuscou a presença de qualquer outro astro que pretendia aparecer ao seu lado.

É nestas horas que a gente se lembra de Deus... Ou do bem... Ou da beleza... Enfim, de algo divino que não nos pertence mas ao mesmo tempo faz parte de nós. Do Yin-Yang chinês na forma da aspereza concreta da cidade iluminada pelo suave e etéreo luar-pós-crepúsculo. Ou apenas da natureza, provando mais uma vez seu infinito talento em proporcionar espetáculos a seus filhos...

Quem não viu, perdeu! Mesmo dirigindo, contemplei a rainha da noite apenas por alguns instantes, mas que me valeram o dia.

domingo, 4 de outubro de 2009

E=mc²


No início do século passado, um físico alemão à época com 26 anos de idade, apresentou uma teoria revolucionária para toda a humanidade. Albert Einstein publicou em 1905 um artigo contendo os princípios da sua Teoria da Relatividade. Partia de duas hipóteses fundamentais: as leis da Física são iguais para qualquer observador sem importar sua velocidade e a velocidade da luz é a mesma, não interessando a velocidade da fonte.

Parece simples, não?! Pois é muito simples mesmo! Suas consequências, porém, é que são de uma complexidade tal que até hoje não foram completamente assimiladas. A fórmula resultante do modelamento matemático indica uma equivalência entre massa e energia, relação inconcebível para a Mecânica Newtoniana.

E para quem acha que não tem nada a ver com isto, saiba que a sua conexão via satélite para internet, TV e celular não seria possível sem o advento da Relatividade.

Interessante notar, entretanto, como a novidade fora recebida: enquanto grandes nomes da Física mundial tentavam ridicularizar as conclusões de Einstein, outros cientistas se puseram a testar a validade da teoria, chegando a conclusão de que estava correta — ao menos dentro das condições experimentadas.

Considerando tais comportamentos, é possível concluir que há dois caminhos apenas: o da arrogância e o da humildade. E apenas um deles leva à evolução.

sábado, 3 de outubro de 2009

Haikais.



O haikai é um poema de apenas três versos, formado por uma métrica rígida — sete sílabas poéticas no segundo verso e cinco nos demais. O estilo de origem japonesa, criado no século XVII pelo poeta e monge budista Bashô, é de difícil tradução quanto à sua forma, mas a simplicidade sintética e o belíssimo resultado poético persistem em sua essência, qualquer que seja a língua.

Descobri os haikais com a melhor professora de português que eu conheço atualmente, enquanto ela selecionava poesias para suas turmas da sexta série do ensino fundamental. Para um fã de sonetos, os haikais são quase que uma chave para o nirvana.

Poder-se-ia descrever os haikais como imagens de momentos únicos, capturados por uma máquina poética...



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rio 2016.

Pois é. Ganhou. O Rio de Janeiro será a cidade sede da Olimpíada em 2016 e a cifra estimada para adequação ao evento se aproxima dos vinte e seis bilhões de reais! Hoje, os empresários, principalmente os da construção civil, devem abrir suas melhores safras de champanhe para comemorar em igual — ou maior — nível de vibração do que o visto nas praias de Copacabana hoje à tarde.

Perguntar não ofende: uma fração desse orçamento, associado ao empenho político empregado na campanha junto ao COI, não seria suficiente para resolver uma boa parte dos problemas sociais de muitas das cidades brasileiras? Em qual das opções seriam maiores os benefícios para o país?

Lógico que a notícia do Brasil sediar os Jogos Olímpicos é maravilhosa. Mas não sei por que a música da minha conterrânea Rita Lee me soa tão atual...

"(...) Quem quer trocar a copa do mundo
Por um Brasil sem vagabundos (...)"

M Te Vê
Rita Lee / Roberto de Carvalho

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

E... Nem...

Nesta madrugada, o ENEM 2009 foi cancelado por suspeita de fraude. Segundo publicado no portal UOL, o Jornal "O Estado de São Paulo" foi procurado por um homem que, por R$ 500 mil, tentou vender à reportagem as provas que seriam aplicadas nos dias 4 e 5 de outubro de 2009. Este homem, acompanhado de outra pessoa, afirmou ainda que o esquema de fraude contava com cinco pessoas.

O infeliz ou a infeliz que vazou as informações das provas estava, obviamente, pensando exclusivamente em si próprio. Talvez ganhasse algum dinheiro com esquema... Em momento nenhum, entretanto, pensou nos mais de 4 milhões de pessoas em todo o Brasil que haviam se planejado para fazer as provas no dia marcado. Não pensou, sequer um instante, nos outros milhões de pessoas que trabalharam duro para que o prazo fosse cumprido. Não pensou nem vagamente nos milhões de reais do dinheiro público desperdiçados na impressão das provas e na logística do evento frustrado. Não pensou em nada além de alguns milhares de reais sujos que ganharia ilegalmente às custas de outros milhões de reais do escasso orçamento público.

E depois há quem se espante com o que alguns políticos fazem...