Após coletar algumas sugestões do pessoal da locadora, dois filmes foram eleitos para serem assistidos: Mais Estranho que a Ficção e Sete Vidas. O primeiro, de 2006, é uma divertida comédia sobre um homem que começa a ouvir uma voz feminina narrando seus próprios atos e sentimentos, até o momento que anuncia sua morte, desencadeando uma busca desesperada do personagem para evitá-la. O segundo, estrelado por Will Smith e lançado neste ano, é um drama sobre a culpa carregada por um homem que se sente totalmente responsável pelas sete vidas ceifadas no acidente de carro em que se envolveu.
De maneiras bem diferentes, ambos tratam de um mesmo conflito, entre o que se passa no íntimo da pessoa e sua própria racionalização dos fatos. No primeiro, uma situação surreal que desafia a lógica e, no segundo, uma condição emocional que vai de encontro à racionalidade...
As manifestações artísticas, em especial a "sétima arte", usam e abusam de conflitos dessa natureza pelo fato da razão e emoção não serem de todo dissociadas. A influência das emoções sobre as inferências lógicas de um ser humano é imprevisível, simplesmente porque esta influência se estende também às premissas e argumentos nos quais se baseia todo exercício da razão. Ou, trocando em miúdos, jamais seremos como o Dr. Spock em Jornada nas Estrelas, não importando o quanto nos esforcemos para isso.
A necessidade de razão e emoção coexistirem, mais que saudável, parece ser fundamental na designação da espécie humana. Surpreendente, no entanto, é como isto pode ser tão frequentemente esquecido nas ocasiões em que se depara com uma conclusão, aparentemente ilógica, de um semelhante. Quem nunca se irritou com as ideias estapafúrdias de um interlocutor?
Compreender o ponto de vista alheio, entretanto, além de muito útil nas relações interpessoais, também o é para o auto-desenvolvimento, pois exercita a humildade. É mais ou menos como assistir um filme sabendo, previamente, seu final. Você pode até discordar do desfecho, mas ainda assim o desenrolar e as implicações ao longo da história serão, provavelmente, muito interessantes.
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