
Ainda há, porém, muita gente brava, destemida e corajosa — que também possui seus medos, diga-se de passagem — nascendo e vivendo entre nós. E não apenas este tipo de pessoa, mas os altruístas, os mártires e outros tantos que também devem ter perdido suas vidas com uma frequência similar à dos medrosos. Bom, mas isto já é uma outra história que começou em meados da década de 1970 com Richard Dawkins e pode ser discutido noutro dia.
O fato é que todos sentimos medo, seja de algo concreto ou não. E este medo, geralmente, causa três reações básicas em quem o sente: fuga, ataque ou paralisação. Não saberia dizer qual atitude é melhor ou pior...
Meu amigo Carlos me fez pensar na última das reações citadas, quando, em uma dessas conversas de bar, disse-me que a vida é como uma escada rolante descendente e que, se pararmos, a gente desce! Brindamos à sabedoria de sua analogia — ele e sua noiva com chá e eu com água com gás — e o avisei de que isto seria publicado em momento oportuno. Ei-lo aqui!
Apesar de uma reação natural, o parar, de fato, é danoso em nosso contexto social. Pior, os medos que desencadeiam esse ato vêm se multiplicando na sociedade. Temos medo de acertar, de errar, de ser, de não ser, de conseguir, de não conseguir, de ganhar, de perder... A maioria desses medos, entretanto, assim como seus congêneres, também se relacionam com a morte, mas, neste caso, a do ego, não a do indivíduo.
No livro Inteligência Emocional, Daniel Goleman discorre sobre as vantagens de se saber lidar com as emoções ruins. Ao longo do texto, mostra que o medo de altura, por exemplo, pode evitar que cheguemos à beira de um precipício, poupando-nos de sofrer um acidente fatal. Entretanto, se este mesmo medo começar interferir em nossa vida cotidiana, impedindo que tomemos um avião ou um elevador panorâmico, seus efeitos deixam de ser benéficos.
Portanto, o objeto do medo, não o medo em si, é relevante. E a análise das causas que motivam tal sensação, dentro de nós mesmos, é de extrema importância para se superar a inércia do medo, voltando a se movimentar em direção aos objetivos. Assumir que não é capaz de fazer algo ou de cumprir um prazo, por exemplo, pode operar maravilhas, aliviando tensões, angústias, etc., pois constatar certas limitações calibra nossa auto-imagem com a realidade, antecipa uma eventual ação corretiva e diminui o aparecimento de medos semelhantes — e cabelos brancos.
Mas, lembre-se que se o objeto de seu medo for um leão, é bom você não pensar muito: saia correndo, finja-se de morto ou, em última instância, dê um "mata leão" nele!
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