terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Feliz Aniversário!


Pode-se dizer que praticamente todos os paulistanos e paulistanas, compreendem bem o significado do termo "mulher de malandro", porque não importa o quanto a cidade os maltrate, o amor por São Paulo não termina nunca. Curiosamente, esse termo foi popularizado, na década de 1930, por dois cariocas, o compositor Heitor dos Prazeres (1898-1966) e o intérprete Francisco Alves (1898-1952), que gravaram o samba Mulher de Malandro, em 1932, ganhando o primeiro prêmio oficial de músicas carnavalescas. A letra da música dispensa quaisquer comentários explicativos:

"Mulher de malandro sabe ser
Carinhosa de verdade
Ela vive com tanto prazer
Quanto mais apanha
A ele tem amizade
Longe dele tem saudade
(...)
Ela briga com o malandro
Enraivecida, manda ele andar
Ele se aborrece e desaparece
Ela sente saudade
E vai procurar
(...)
Muitas vezes
Ela chora
Mas não despreza o amor que tem
Sempre apanhando e se lastimando
E perto do malandro
Se sente bem
"

Hoje, por exemplo, no dia do 457º aniversário da cidade, São Pedro — colega de trabalho de São Paulo — mandou uma chuva de verão básica, no final da tarde, só para refrescar o dia quente de verão que alegrou todo o feriado paulistano. Nada muito diferente dos anos anteriores, mas o suficiente para instalar o caos em muitas regiões da cidade, principalmente na periferia, onde reside a maior parcela da população menos favorecida. Como bons sofredores, a maioria dos paulistanos e paulistanas sabem que a administração pública nada teve a ver com tudo isso, afinal, vêm, democraticamente, reelegendo os mesmos representantes há anos. A culpa, obviamente, é de São Pedro que errou a mão outra vez...

Mas se sobra sofrimento com o transporte público caro e precário, com os congestionamentos, com a poluição, com a sempre deficitária assistência social e de saúde, com a violência e com tantas outras mazelas típicas do maior agrupamento urbano da América Latina, sobram, também, oportunidades, disponibilidade de serviços, vanguardas empresarial e econômica, diversidade ideológica, cultural, política, social, étnica, religiosa, além de todo amor dos que, apesar de sofrerem, não pediram para sair mas, ao contrário, continuam aqui, trabalhando muito para melhorar São Paulo e o Brasil. Porque, como lembrado na bandeira*, os verdadeiros paulistanos e paulistanas não têm a menor vocação para "mulher de malandro" e conduzem a cidade para que melhore sempre, não sendo nunca conduzidos por ela. Então:

Parabéns, São Paulo!


* Non ducor duco (não sou conduzido, conduzo): lema inscrito no brasão da cidade de São Paulo.

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