sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entender-se.


Ler é uma atividade fantástica. Não só pela informação associada à prática, mas também pela formação e consolidação de conceitos e ideias que nem a gente mesmo sabe que possui. O "tocar fundo" é, provavelmente, fruto da identificação que fazemos de nossas próprias convicções nas palavras do autor. Aliás, creio que o processo seja similar, mesmo que de forma mais abstrata, em qualquer uma das demais manifestações artísticas humanas.

No encarte do "The New York Times" veiculado pela Folha de São Paulo em 31 de agosto de 2009, Pamela Bloom discorre sobre a dificuldade que temos em deixar para trás sentimentos como ódio, rancor e ressentimento. Em meio suas argumentações, as palavras do, segundo ela Lama Zopa Rinpoche, mestre em meditação tibetana, eram, para mim, como pontos brilhantes em meio ao texto:

"Enquanto você não mudar sua mente, sempre haverá um inimigo para lhe fazer mal."

Talvez não lhe soe com a mesma profundidade. Ou talvez sim. O fato é que ser tocado pelo que outra pessoa escreve é como ter uma porta interna aberta por chaves que ainda não possuíamos, trazendo a luz do mundo real para nossa própria escuridão interior. E frequentemente nos surpreendemos, positiva ou negativamente, com nossas próprias ideias. Neste caso em particular, o fato dos principais inimigos não serem externos.

Para os pseudo-céticos de plantão, na capa do mesmo encarte, duas semanas antes, em 17 de agosto de 2009, um texto falava sobre a busca da felicidade pelos seres humanos e citava uma experiência feita com outro Rinpoche — mas também Lama tibetano —, Yongey Mingyur Rinpoche, em cuja tomografia cerebral fora constatada uma atividade incomum no lobo pré-frontal esquerdo (polo das boas emoções, segundo neurologistas), aliás, como também nas de outros monges submetidos ao mesmo experimento.

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