terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Dia do Parto Imperial


Como muita gente sabe, o Brasil também já foi um império. Talvez não com a mesma conotação que o termo carrega atualmente, mas, sem dúvidas, já ostentou tal posição por um breve momento histórico. A historiografia oficial conta que tudo começou no final do século XVIII, quando o príncipe regente do Brasil, João VI, torna-se o príncipe regente de Portugal após a rainha, sua mãe, Dona Maria I, enlouquecer. Nessa época, o Reino de Portugal se encontrava em uma difícil situação pois, à medida em que a França de Napoleão consolidava seu domínio na Europa, a posição de neutralidade lusitana ia se tornando insustentável, até que, em 1807, Dom João negocia com o governo britânico a escolta da Família Real e da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro. A partir de então, o Brasil deixava de ser uma simples colônia para se tornar a sede do comando real. Posteriormente, elevado à condição de Reino, passa a integrar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, iniciando um longo suceder de acontecimentos que culminaria no nascimento do império brasileiro.

Já em terras verde-amarelas, o soberano tomou inúmeras medidas, como o confisco de residências para acomodar, de uma hora para outra, os milhares de componentes da Corte Portuguesa; a abertura dos portos às nações amigas, especialmente à Inglaterra, cujos produtos eram menos taxados que os produtos portugueses; fundou escolas, bibliotecas, aboliu a proibição de construção de indústrias no território brasileiro, criou o primeiro Banco do Brasil, enfim, adequou a nova sede do império português às necessidades da monarquia. Enquanto isso, na Europa, Napoleão Bonaparte depunha o rei da Espanha e invadia Portugal com suas tropas. O exército britânico, regiamente compensado pela Coroa Portuguesa, não se encarregou apenas da proteção marítima da costa brasileira, mas, também, da retomada do território português das mãos francesas, bem como de seu governo provisório, dada a ausência da família real portuguesa na península.

Com a derrota definitiva de Napoleão, pressões do clero, nobreza e burguesia de Portugal passaram a demandar o retorno do monarca e da Corte à Lisboa. João, então, nomeia seu filho, Pedro de Alcântara, como regente do Brasil e retorna à Portugal junto com boa parte da Corte portuguesa, levando toda a riqueza que conseguiu carregar. Já em Portugal, é coroado rei e pressionado a jurar a nova Constituição lusitana que rebaixava o Brasil, novamente, à condição de colônia. Assim, o governo português passa a exigir que também o Príncipe Regente, Pedro, retornasse à metrópole o que acaba não acontecendo, já que em 9 de janeiro de 1822, Dia do Fico, o regente declara publicamente sua decisão de permanecer deste lado do Atlântico. Aos 7 de setembro daquele mesmo ano, durante uma viagem de Santos à São Paulo, ciente da possibilidade de uma invasão portuguesa ao Brasil, Pedro declara, às margens do rio Ipiranga, a definitiva independência brasileira do domínio português. É, então, coroado e se torna Dom Pedro I, o primeiro imperador do recém-criado império brasileiro. Mas, claro que alguém mais deveria dar o aval à independência brasileira, então, o Brasil negocia com a Grã-Bretanha o pagamento de uma milionária indenização à Portugal, em torno de dois milhões de libras esterlinas, iniciando aí seu endividamento externo que se agigantaria, perdurando por quase dois séculos seguintes.

E a despeito de tudo o que tiraram, tiram e desejam ainda tirar daqui, a nação brasileira continua firme. O Brasil é, antes de tudo, um forte... Parabéns pelo seu aniversário de independência!


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