sábado, 9 de janeiro de 2010

E quando a vaca vai para o brejo?


Contava uma anedota que um fazendeiro, em uma de suas visitas à cidade mais próxima, cruzou com uma cigana, sentada na calçada, que lhe pediu para deixá-la ler a sorte em suas mãos em troca de algum dinheiro. Ele, meio resistente no início, acabou por permitir e a mulher, após lhe dar algumas informações vagas, disse ao final: "Uma vaca causará sua morte!".

O homem empalideceu. Voltou para casa e, de tão impressionado, não conseguiu dormir naquela noite. No dia seguinte, voltou à cidade e providenciou a venda de suas propriedades. Algumas semanas depois, já com tudo vendido, juntou seus poucos pertences pessoais e migrou para São Paulo. Fora viver bem no centro da cidade grande, eliminando, assim, qualquer risco de topar com alguma vaca em seu caminho.

Já iam alguns meses vivendo bem ali, quando, ao cruzar o Viaduto do Chá, ouviu alguém gritar bem atrás dele: "Olha a vaca! Olha a vaca!". Tamanho foi o susto que, sem olhar para trás, começou a correr, trombou com alguns transeuntes, escorregou e caiu, de cima do viaduto. Morreu em pleno Vale do Anhangabaú. Se tivesse olhado para o lado de onde vinham os gritos, teria visto um menino franzino, vendendo bilhetes da loteria.

Não obstante o humor negro, a história ilustra bem a influência que nossos pensamentos exercem sobre os destinos de nossas próprias vidas. Há quem acredite, inclusive, que a mente seria responsável até mesmo por nos conduzir ao encontro de eventos absolutamente casuais — tipo passar por debaixo de uma escada bem na hora em que uma lata de tinta está caindo. Mas, extremismos à parte, parece bastante evidente que este tipo de influência inconsciente existe, de fato, ou nunca faríamos determinadas coisas "no automático", como se dar conta só em casa de que deveria ter passado no mercado antes.

Há outros discretos exemplos dessa influência, tanto para coisas boas quanto para as más. Já notou, por exemplo, como uma mulher apaixonada parece mais bonita, mesmo que nada tenha alterado em seu visual? Ou como um homem sobrecarregado acaba contraindo mais facilmente gripes e resfriados? Nenhum desses efeitos surgem a partir de uma vontade racional consciente — do tipo: "quero parecer mais bonita" ou "quero pegar um resfriado". Esses efeitos são disparados inconscientemente quando, no caso dos exemplos, a mulher deseja ser correspondida ou o homem deseja descansar.

Portanto, se subitamente uma "maré de azar" assolar a sua vida neste princípio de ano, reze, ore, faça suas simpatias, mas não se esqueça de, também, parar uns minutos para se questionar o que realmente deseja com as ações que vem adotando. Talvez se surpreenda ouvindo a resposta...



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