quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A ideia e o fato


Há uma distância enorme entre o que se idealiza e o que, de fato, acaba acontecendo. E não seria absurdo algum resumir o mundo todo nestas duas coisas: a ideia e o fato. É como nosso universo funciona e, acaso o leitor conheça alguma exceção, esteja à vontade para apresentá-la em comentário.

Tome como exemplo algo complexo, tal qual uma empresa. Um dia você acorda com uma ideia ótima para prestar um serviço útil à sociedade, gerar emprego e renda, além de contribuir com um futuro melhor para seu país e para o mundo. Pensa em tudo: como conseguir o capital inicial, precaver-se de depressões econômicas, manter a qualidade do produto ou serviço, etc. Aí, quando o raciocínio está redondo, fechado, vai até o órgão público competente e recebe os primeiros golpes: necessidade de prestar informações inexistentes, prazos inviáveis, impostos sobre presunção de ganhos, taxas, formulários e um mar intransponível de burocracia.

Claro que ninguém pensou em criar leis, impostos e procedimentos para prejudicar a sua vida, assassinando sua boa ideia. Quem construiu a citada barreira burocrática tinha o louvável objetivo de prevenir os abusos das pessoas de má-fé contra a sociedade. De qualquer forma, a despeito da boa intenção, perceba a distância entre o que se pretendia — a ideia — e o que ocorre na realidade — o fato.

Mas suponha que você seja um incansável batalhador pelos seus sonhos e ultrapasse todos os obstáculos burocráticos colocados em seu caminho. No segundo nível, você terá de colocar sua ideia para funcionar, trocando um produto ou serviço de qualidade por uma remuneração justa, da qual deverá extrair o lucro que dará o vigor necessário ao crescimento da sua empresa. Eis que você recebe outro choque de realidade, descobrindo que as pessoas não estejam dispostas, talvez, a pagar aquele preço. Subitamente, você se encontra na difícil situação de ter que escolher entre diminuir a qualidade de seu produto, ou serviço, para adequar o preço de venda ou, simplesmente, fechar as portas. E, novamente, surge a dialética entre a sua boa ideia e o péssimo fato — também conhecido como realidade.

O exemplo é meramente ilustrativo, haja vista a ocorrência disso em qualquer aspecto da vida — inclusive os mais corriqueiros. Por exemplo, quando você não consegue dormir, ou acordar, na hora desejada, quando não dá conta dos compromissos diários com os quais acreditava poder lidar, quando não consegue dizer algo a outra pessoa, mesmo tendo ensaiado horas a fio, enfim, quando algo em que pensou não se concretiza. Não é surpreendente, portanto, que o sucesso chegue, mais amiúde, àqueles com maior habilidade em unir o que se pensa ao que acontece e vice-versa.

Houve até quem pensasse (ideia), um dia, ser trivial a produção de um texto diferente diariamente, gerando um "blog" que fosse lido, de forma regular, por alguém em algum lugar do planeta... Mas não é trivial (fato).



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