
A história conta a trajetória, ascensão e queda, de um migrante nordestino, Raimundo Nonato (João Miguel), que chega à São Paulo para tentar a sorte na cidade grande. Sem nenhum centavo no bolso e morto de fome, come duas coxinhas em um boteco da região central e, para não apanhar do dono, Miro (Zeca Cenovicz), já que não tinha os R$ 4,00 para pagar a conta, acaba limpando a cozinha do estabelecimento ao final do expediente. No dia seguinte, como também não tinha onde ficar, aceita o convite para trabalhar ali, em troca de cama e comida somente. Aprendendo a fazer coxinhas e pastéis, descobre um talento natural para a cozinha, chamando as atenções de uma garota de programa, Íria (Fabíula Nascimento), por quem se apaixona, e do proprietário de um restaurante italiano da redondeza, Giovanni (Carlo Briani).
Simultaneamente, também é contada a história do protagonista (já com o apelido de Alecrim) na cadeia e, para quem não sabe nada da trama, o roteiro, inicialmente, deixa a cronologia dos fatos meio no ar, esclarecendo-a apenas na medida em que o filme vai transcorrendo. Diálogos com palavreado frequentemente vulgar complementam os dois ambientes predominantes do longa: o sub-mundo da cidade e o interior de uma penitenciária. E há, ainda, uma participação especial do cantor Paulo Miklos do Titãs no papel do presidiário Etecétera.
O argumento do filme surgiu do conto "Presos pelo Estômago", de Lusa Silvestre, e trata de temas universais: o poder e a comida. Há detalhes interessantes da criação que podem passar absolutamente despercebidos, como o fato do filme começar pela boca do protagonista e terminar em seu traseiro, aludindo ao percurso do alimento no organismo. Produzido no Brasil e finalizado na Itália, a escassez de recursos financeiros não prejudicou o objetivo de agradar tanto quem procura apenas a diversão de assistir a um filme, quanto os que buscam histórias insólitas, boa fotografia e outros sutis detalhes de produção da sétima arte.
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