Em meados do ano passado, uma dupla de economistas, Joseph Stiglitz e Amartya Sen, divulgaram um estudo em que criticavam o atual conceito de que o desenvolvimento econômico pode ser, adequadamente, medido apenas pelo crescimento do produto interno bruto (PIB) de um país. Segundo eles, um acompanhamento da renda e consumo de famílias típicas, associado à disponibilidade de serviços de saúde e educação, seria muito mais preciso para indicar o grau de desenvolvimento de uma nação. Não por acaso, de acordo com o caderno "The New York Times" da Folha de São Paulo de 05/10/09, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, recomendou o relatório a uma comissão criada, justamente, para tentar eliminar as insatisfações com as ferramentas de avaliação econômica daquele país.
Stiglitz é estadunidense, fez parte do governo Clinton na década de 1990, chegou à cadeira de Economista Chefe do Banco Mundial e dividiu o Nobel de Economia com Michael Spence e George Arthur Akerlof em 2001. Sen é indiano, foi professor na Delhi School of Economics, London School of Economics, Oxford e Harvard, chegando a se tornar reitor de Cambridge. Em 1998, ganhou o Nobel de Economia pelas suas contribuições ligadas ao bem-estar social e, também, foi um dos fundadores do Instituto Mundial de Pesquisa em Economia do Desenvolvimento da ONU. E se seus currículos não são desprezíveis, tampouco o são suas palavras.
Já há tempos o modelo de desenvolvimento econômico que o mundo persegue não é sustentável, mas buscar novas alternativas vem se mostrando quase um tabu. Há ainda muito preconceito, parte originado durante a "Guerra Fria" e parte pela curteza intelectual de gente gananciosa, que impede uma ampla discussão sobre como o desenvolvimento pode ser bom tanto para o indivíduo quanto para toda a coletividade. A sustentabilidade é uma parte indispensável de qualquer plano de desenvolvimento de longo prazo, seja econômico, financeiro, ambiental, social, etc., porque traz em em seu âmago a responsabilidade para consigo mesmo e para com os demais. Fugir dela transforma ações ousadas em aventureiras, algo extremamente perigoso em qualquer área.
A história tem mostrado que privilegiar, exclusivamente, um ou outro sistema parece não funcionar muito bem. Quem sabe a valiosa contribuição de Stiglitz e Sen não seja uma semente fértil que, se adequadamente plantada e cuidada, possa trazer frutos mais doces e por mais tempo para toda a humanidade?
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