sábado, 6 de fevereiro de 2010

Quem tudo quer...


A vida é única e, portanto, nada mais natural do que a urgência em se conseguir tudo aquilo que se deseja ao longo dela. Mas quem consegue obter tudo o que deseja ou, quem sabe, desejar apenas o que consegue? Pessoas assim, caso existam, devem ser muito felizes. A maioria dos mortais costuma desejar muito mais do que pode conseguir.

Analisando por uma certa perspectiva, a ambição é até saudável, uma vez que gera a força necessária às ações essenciais ao desenvolvimento. Por outro lado, quando desmedida, pode ser também uma fonte ilimitada de problemas. Basta desejar algo que não possa conseguir, não enxergar outra alternativa e nem se conformar com o fato. Pronto! Eis o início de uma lista sem fim de problemas.

Uma filósofa brasileira disse, certa feita, que gostaria de ter escrita, em sua lápide, a seguinte frase: "Não teria dado tempo.". O contexto era de que ela não conseguiria ler todos os clássicos que desejava, mesmo empenhando toda sua vida neste objetivo. A aparente resignação da frase, entretanto, refere-se apenas à limitação do tempo, não a da sua vontade em lê-los até o último dia de sua vida.

Assim deveria ser a atitude de qualquer ser humano diante das limitações impostas pela vida, mas isto também é uma utopia. Não são poucos os casos em que, simplesmente, desistimos ou esmorecemos, como que aguardando algo, ou alguém, que se compadeça da situação e elimine nossos problemas para que, aí sim, o que há de melhor em nós mesmos possa aflorar sem esforço. Mais ou menos como um perfeccionista que deixa de fazer qualquer coisa para não fazer algo imperfeito ou indigno de si.

Lida em algum recanto cibernético, uma outra frase, apesar de cheirar a "auto-ajuda", dá uma visão, digamos, positivista da realidade limitada a que estamos imersos. Isto porque dá esperança ao mesmo tempo que lembra da dura e inevitável tarefa da escolha: "Você pode até ter tudo o que quiser, mas não tudo ao mesmo tempo.".

Dureza, né?!

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