segunda-feira, 15 de março de 2010

Administração no País das Maravilhas


Há algum tempo atrás, nos primeiros textos do Automorfo, falou-se sobre as opções de transporte para os cidadãos das grandes cidades e que, se as horas e a paciência perdidas em insuportáveis congestionamentos não eram suficientes para motivar alguém a usar uma alternativa pública de transporte, era porque, provavelmente, as condições de uso dessas alternativas fossem ainda piores. Recentemente, um estudante relatou sua experiência ao trocar seu automóvel pelo trem, na cidade de São Paulo. Seu depoimento, muito mais do que ilustrativo, é revelador:

"Com o início do período letivo, o percurso de carro feito em menos de 25 minutos passou a demorar um pouco mais de uma hora. Então, animado como os anúncios do governo do estado sobre a expansão das linhas de trem em toda região metropolitana, resolvi deixar meu veículo em casa e seguir pelas linhas do Metrô e da CPTM* até a Cidade Universitária.

No dia 8 de março, segunda-feira, entrei em um trem da Linha Lilás do Metrô às 7:21 h da manhã. Menos de dez minutos depois, chegava à estação Santo Amaro da CPTM para a baldeação que me levaria até a estação Cidade Universitária. Meia hora depois, ainda tentava entrar em algum dos trens abarrotados, mas só às 8:21 h, consegui chegar ao meu destino, ou seja, uma hora depois. Cheguei atrasado, cansado, irritado e convencido de que o transporte público em São Paulo só funciona bem quando não é necessário, ou seja, fora dos horários de pico.

Não bastasse um planejamento logístico absolutamente precário, o poder público ainda parece viver em um mundo esquizofrênico, onde, só para eles (e para quem não os utiliza), os serviços básicos oferecidos à população funcionam de forma exemplar. Pelo menos isto é o que nos leva a crer ao assistir as propagandas — pagas com dinheiro público, diga-se de passagem — na mídia todo santo dia...
"

Mas dentro do buraco, como no mundo de Lewis Carroll, algumas coisas não fazem muito sentido, como quando valiosas informações de usuários reais, ao invés de mostrarem o caminho para melhorar a prestação de serviços públicos, gera apenas justificativas e desculpas, fazendo com que os mesmos problemas se repitam sem solução ao longo das décadas.

Assim, nem o Gato Risonho consegue manter o bom humor...


* Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário