sexta-feira, 19 de março de 2010

"A Teoria dos Resultados" — Parte II


Partindo do ponto em que assumimos a hipótese de sermos os únicos responsáveis pela direção que nossas vidas tomam, poderíamos fazer uma analogia entre a nossa existência e um jogo. Nele, com regras específicas para cada indivíduo, o objetivo seria, simplesmente, conseguir o maior número de coisas que se almeja, sendo que, a cada passo, surgem novas situações que demandam novas escolhas, por vezes bastante difíceis, resultando em diferentes consequências que vão ao encontro, ou não, daquilo que se deseja. Talvez esta visão seja um tanto reducionista, mas é razoavelmente aceitável para o diminuto modelo de mundo habitado por cada um de nós.

Cabe, aqui, uma observação: o mundo em que vivemos não é o verdadeiro, mas um modelo do original. Este modelo é único, pessoal e inacessível aos demais indivíduos. E, infelizmente, tal como um mapa nunca coincide, ponto-a-ponto, com a região a que se refere, também "nosso mundo" nunca coincidirá com a realidade tal como ela é. Platão, com seu "Mito da Caverna", já chamava a atenção para este detalhe há mais de dois milênios atrás, percebendo que não há como escaparmos das limitações impostas pelos próprios sentidos. Portanto, mais uma vez, a analogia proposta não é, assim, de todo absurda.

Cá estamos, então, em uma partida — única, diga-se de passagem — desse jogo chamado vida, na qual, conforme as restrições impostas pelo destino, ou por consequências de nossas escolhas prévias, precisamos agir de forma a nos encaminhar na direção de nossos objetivos livremente arbitrados. Lúdico, não? Mas note que, em linhas gerais, a vida, realmente, não foge muito disso.

Como qualquer outro modelo, este também deve representar a realidade a que se refere de uma forma minimamente satisfatória, ou não teria qualquer utilidade. Assim, um método bastante natural é o da experimentação que consiste, simplesmente, em testar uma previsão. Os resultados retroalimentam o modelo, aperfeiçoando-o ao máximo nível possível.O instituto da ciência, por exemplo, usa e abusa deste método até hoje, tamanha sua eficiência e naturalidade.

Saberia o leitor, ou a leitora, dizer o que se passaria com um objeto jogado para cima? A resposta chega a agredir a inteligência, não? Esta obviedade de que o objeto certamente cairia — e que custou milênios para se consolidar no intelecto humano — é uma previsão de nosso modelo de mundo, algo que pode ser testado a qualquer momento, bastando para isto a constatação de que qualquer objeto jogado para cima, de fato, cai em direção ao chão.

Assustador, não? Mas deixemos a física de lado por um instante e voltemos aos meandros da vida...


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