quinta-feira, 18 de março de 2010

"A Teoria dos Resultados" — Parte I


Há muitíssimas teorias por aí e, entre elas, há inúmeras "Teorias dos Resultados". Uma rápida pesquisa no Google, com o termo entre aspas, resulta em mais de três centenas de milhares de retornos e, certamente, é apenas uma fração do que deve existir pelo mundo. "Teorias dos Resultados" podem ser encontradas desde o ramo empresarial, referindo-se a resultados financeiros líquidos, até o jurídico, determinando critérios para analisar a perpetração de um crime. No caso aqui tratado, a tal "Teoria dos Resultados" não tem base científica alguma e se baseia, única e exclusivamente, em despretensiosas observações da vida cotidiana. Trata-se de um mero exercício filosófico, lúdico e pessoal, que tenciona apenas conduzir o leitor ou a leitora a olhar seu próprio dia-a-dia de uma maneira diferente da usual — o que pode ser divertido ou desesperador, dependendo do ponto de vista. Portanto, se estiver atrás da ciência por trás de alguma das "Teorias dos Resultados", esqueça! Pode continuar vasculhando os resultados do seu buscador. Caso contrário, convido-lhe a seguir com esta leitura, seguindo o insólito raciocínio envolvendo esta "Teoria dos Resultados".

Como todas as suas parentes, a teoria aqui proposta se baseia, claro, nos resultados obtidos por meio de determinadas ações que, neste caso, referem-se às escolhas feitas por um indivíduo ao longo de sua própria vida. Há quem não compreenda desta forma, mas a atual conjuntura em que alguém se encontre, antes de mais nada, deve-se exclusivamente às opções feitas a cada instante no decorrer da própria existência. Mesmo aquele que creia de forma inconteste que suas benesses e mazelas se devam às forças divinas ou malignas, tem de admitir que Deus, segundo as mais diversas escrituras sagradas, garante ao homem, ou a mulher, o livre arbítrio de suas ações e, portanto, jamais poderia ser responsabilizado pela situação em que cada um se encontra. Assim, estabelece-se a primeira hipótese desta teoria: o indivíduo é o principal, se não o único, responsável pela situação em que se encontra em qualquer momento de sua vida.

Admitamos: a hipótese é bastante dura. Sermos responsáveis pela própria situação, significa dizer que nossos próprios infortúnios, e venturas, também são de nossa responsabilidade. Entretanto, apesar de dura, a hipótese é bastante razoável. Ninguém faz o que opta por não fazer. O leitor ou a leitora, por exemplo, poderia não estar lendo este texto agora mesmo ou decidindo interromper a leitura neste exato momento. E, mesmo que estivesse sob ameaça fatal para o fazer, decerto ainda teria a opção da morte para escolher. Este, aliás, é o principal complicador: quando as opções são duras, prefere-se acreditar que não se tem escolha.

Mesmo nos casos em que o acaso desempenha um papel de destaque, a responsabilidade pelo que acontece conosco é apenas nossa. Tome, como exemplo, o atropelamento involuntário de um animal na estrada. Mesmo sem qualquer intenção malévola do motorista, ele é o único responsável pelo ocorrido, afinal, se estivesse à 5 km/h, o fato, muito provavelmente, não teria ocorrido. Obviamente que, em condições normais, ninguém faria uma viagem longa de automóvel a uma velocidade tão baixa, de forma que, avaliando ser baixa a probabilidade de um animal surgir de repente em frente ao veículo, o motorista assume o risco de percorrer o caminho a uma velocidade maior. Logo, por mais difícil que seja de aceitar tal fato, a responsabilidade do acontecimento é exclusivamente dele. Não obstante a admissão da possibilidade de erro — por sermos humanos conscientes de nossas próprias limitações — não há como se eximir da responsabilidade de o ter cometido.

Este ponto é fundamental para a compreensão de todo o resto da teoria que ainda está por vir...


Nenhum comentário:

Postar um comentário