A Teoria dos Jogos é normalmente associada ao nome do matemático estadunidense John Nash, entretanto, foi na primeira metade do século XVIII que o aristocrata inglês James Waldegrave idealizou um método para vencer seus adversários em um jogo de cartas, dando origem aos conceitos básicos da teoria. Séculos mais tarde, já em 1928, John von Neumann, matemático húngaro, comprovou o "teorema minimax" (a alternativa que resulta no menor dano é a melhor a ser adotada) para jogos de soma zero (em que, necessariamente, para um ganhar, outro tem de perder) entre duas pessoas, resultado este que lançou as bases para o desenvolvimento da Teoria dos Jogos como é conhecida hoje em dia. Neumann, também, foi um dos primeiros a perceber a possibilidade de aplicação da teoria em campos diversos, como a economia, por exemplo.
Mas se Neumann foi o pai da Teoria dos Jogos, o jovem estudante de Princeton, John Forbes Nash Jr., foi quem a desenvolveu de forma a ser mundialmente conhecida — por isso da associação automática de seu nome à teoria. Na década de 1950, Nash ampliou os resultados até cobrir os jogos de soma não-zero (em que ambos competidores podem ganhar ou perder simultaneamente), estabelecendo os chamados "Equilíbrios de Nash". Suas descobertas e seus desdobramentos lhe renderiam, mais tarde, em 1994, um Prêmio Nobel de Ciências Econômicas, devido às relevantes aplicações de suas análises sobre jogos não-cooperativos na economia. Desde de seus primeiros resultados, a teoria não parou mais de ser estudada e desenvolvida, estendendo-se às mais variadas áreas do conhecimento, passando pela economia, biologia, sociologia, etc.
Em linhas gerais, a Teoria dos Jogos consiste no estudo de modelos estratégicos que permitam a compreensão dos motivos que levam a determinadas escolhas entre as várias possibilidades disponíveis. Uma típica situação sujeita a análise da teoria foi o desenrolar das ações e reações dos Estados Unidos da América e da União Soviética durante a Guerra Fria, quando a então potência socialista posicionou seus mísseis nucleares em território cubano. Apesar de terem surgido pressões internas por uma resposta militar hostil estadunidense, a análise das alternativas mostrava que uma ação equivocada poderia levar ao pior resultado possível (uma catástrofe nuclear), condenando ambos os lados — e o mundo — à derrota.
Outro exemplo prático de aplicação é a análise comportamental desenvolvida por um psicólogo da universidade inglesa de Leicester, Andrew Colman, segundo a qual, os criminosos têm sempre uma escolha estratégica a fazer: desrespeitar as leis ou adaptar-se. A sociedade, igualmente, pode tolerar os comportamentos criminosos ou igualar suas práticas às deles, ou seja, endurecer as medidas disciplinares ao ponto de desrespeitar os direitos individuais fundamentais. Claramente, o melhor resultado para um dos grupos seria a colaboração do outro, ou seja, seria melhor para sociedade se os criminosos decidissem seguir as leis ou, para os criminosos, se a sociedade decidisse não mais puni-los. Por outro lado, o pior resultado possível seria, justamente, se todos se comportassem como criminosos. Assim, usando a Teoria dos Jogos, Colman demonstrou existir uma tendência ao equilíbrio, no sentido de que o espaço deixado pelos foras-da-lei presos seria sempre preenchido por cidadãos anteriormente obedientes, condenando a sociedade à tolerância de um pequeno, porém permanente, percentual de criminalidade.
E a pesquisa na área vem evoluindo ainda mais, buscando modelos que levem em conta a influência de outras variáveis além da lógica, como a emoção, por exemplo. E não poderia ser diferente, afinal, quem não deseja vencer sempre no "jogo" da vida?
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