segunda-feira, 22 de março de 2010

"A Teoria dos Resultados" — Parte III


Antes de continuar, retomemos os principais pontos estabelecidos até o momento. Dizíamos que o ser humano seria o principal, quiçá o único, responsável pelo que lhe ocorre na vida e esta, por sua vez, poderia ser encarada como uma espécie de jogo no qual deveríamos escolher as melhores opções, dentre as disponíveis, objetivando concretizar o projeto da própria existência. Mencionou-se, também, que o método mais natural para se ajustar o modelo individual de mundo com a realidade é o da experimentação. Assim, sobre essa base, construiremos os conceitos da "Teoria dos Resultados" que era nosso objetivo central.

O fato de desejarmos coisas no futuro implica, necessariamente, na utilização de nosso modelo de realidade para fazer previsões, fundamentais para se traçar estratégias de como alcançar aquilo que se deseja. Uma boa estratégia considera os graus de incerteza associados a cada ação e, prevendo-se uma impossibilidade, por exemplo, evita-se gastos desnecessários de energia em uma determinada tarefa. Finalmente, definido o plano, passa-se à etapa de experimentação, quando as ações, propriamente ditas, começam a ser executadas. É neste ponto que as previsões — e consequentemente o modelo que as gerou — serão colocadas à prova, mostrando-se condizentes ou não com a realidade. Os imprevistos revelam as imprecisões do modelo utilizado.

Logo, a "Teoria dos Resultados" estabelece, simplesmente, que os resultados são uma boa medida do quão próximo se está da realidade. Em outras palavras, se a pessoa crê estar fazendo o necessário para atingir seus objetivos mas não os realiza, sua concepção de realidade está falha. Tal hipótese é perigosamente polêmica porque demanda uma certa abstração para compreendê-la.

Ninguém se proporia a conseguir algo que não deseja ou que não pode conseguir. Não haveria apostadores, por exemplo, se não se acreditasse, minimamente, na possibilidade de se acertar na loteria. Perceba que os milhares de apostadores, mesmo nunca tendo acertado uma única combinação, não se sentem angustiados com a situação, simplesmente porque todos sabem — conforme previsões do respectivos modelos de realidade — que a probabilidade de ficarem ricos da noite para o dia é baixíssima. Por outro lado, ao se atrasar para um compromisso pela n-ésima vez, a pessoa, que desejava chegar pontualmente, indigna-se com os congestionamentos, com o mau tempo, com a falta de sinalização e com tantos outros "imprevistos" pelo caminho. Neste caso, um modelo de mundo que refletisse com precisão a realidade teria discriminado todas os potenciais problemas no percurso, tendo-os evitado ou aceitando-os como riscos assumidos.

Note que a vida observada segundo essa perspectiva revela profundas implicações...


Nenhum comentário:

Postar um comentário