quinta-feira, 11 de março de 2010

O conhecimento e a sabedoria


Talvez o leitor conheça pessoas com enorme conhecimento, porém com quase nenhuma sabedoria. Ou o contrário, pessoas extremamente sábias, mas sem muito conhecimento formal. Seja como for, mesmo que as características se apresentem em diferentes graus, ambas (não por acaso, vez por outra os termos são usados como sinônimos) são necessárias e complementares para a formação da personalidade única do ser humano.

Apesar dos diferentes significados, não é muito fácil compreender, logo à primeira vista, a diferença entre o conhecimento e a sabedoria. Pode-se dizer que o conhecimento é adquirido pelas mais diversas formas como a leitura, a pesquisa, o estudo e até a experimentação. Trata-se de um conjunto de informações sistematicamente organizado, passível de transferência entre indivíduos, estando diretamente relacionado com o instituto da ciência. Já a sabedoria, por outro lado, surge da síntese particular das experiências vividas por um indivíduo que, formulada de um modo peculiar, não permite sua transferência direta à outra pessoa. Uma criança, por exemplo, a depender de suas experiências vivenciadas, pode ser muito sábia em determinados aspectos, mesmo sem muitos conhecimentos.

Pelo fato da sabedoria não poder ser ensinada e nem traduzida em linguagem matemática, muitos a negam, como se não tivesse a mesma legitimidade das causalidades científicas. A ciência, entretanto, manifesta-se por outras formas além da mera explicação. Se o leitor buscar pelas causas de um texto poético, por exemplo, dificilmente as encontrará. Tampouco conseguirá, com facilidade, transmitir a outra pessoa os sentimentos e sensações experimentados durante sua leitura. Ao compreendê-lo, no entanto, pode perceber claramente seu valor, que é tão legítimo quanto a comprovação experimental de um modelo matemático.

Ao arrogar-se a posição de única geradora de verdades, a ciência atual acaba por ocupar o mesmo lugar da inquisição religiosa na Idade Média. Por isso, hoje, mais do que nunca, a humildade e o pensamento crítico — principalmente a auto-crítica — mostram-se como essenciais ao contínuo desenvolvimento humano.


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