Estima-se que hoje, no Brasil, vivam mais de 1,5 milhão de descendentes japoneses. É, de longe, o país que abriga a maior colônia japonesa em todo o planeta. Oficialmente, os primeiros imigrantes chegaram por aqui no princípio do século XX, trazidos pelo histórico navio Kasato Maru. Com sonhos de enriquecer e voltar para sua terra natal, os imigrantes trabalharam duro e com singular dedicação, entretanto, apesar de muitos terem, de fato, atingido o tão almejado sucesso econômico, poucos retornaram ao seu país de origem. Após algum tempo, acabaram por se tornar mais brasileiros do que japoneses e, como tantos outros imigrantes, ajudaram a forjar o povo desta imensa nação brasileira.
Poucos atentam, entretanto, às agruras experimentadas pela comunidade japonesa no Brasil, principalmente na época da Segunda Grande Guerra, período em que o Japão passou a integrar as forças do Eixo, junto com a Alemanha nazista e a Itália fascista. Quando em agosto de 1945 os japoneses — cuja nação, em 2600 anos, jamais havia perdido uma guerra — assinou sua rendição incondicional após o massacre nuclear estadunidense, muita gente não acreditou, em especial os kachigumi (ou "vitoristas"), compostos por cerca de 80% dos mais de 200 mil imigrantes japoneses no Brasil àquela época. Estes passaram a apoiar uma organização criminosa chamada Shindo Renmei (ou "Liga do Caminho dos Súditos") que decidiram fazer uma "limpeza ideológica" na colônia, assassinando os makegumi (ou "derrotistas"), apelidados por eles de "corações sujos", que acreditavam na derrota do Império japonês. Assim, entre janeiro de 1946 e fevereiro de 1947, os tokkotai, matadores da Shindo Renmei, promoveram atentados em várias cidades do estado de São Paulo, matando 23 e ferindo cerca de 150 imigrantes.

Pode-se descobrir, também, ao final da leitura, que a realidade, às vezes, se parece muito com a ficção.
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