Durante a visita feita à Bienal do Livro de São Paulo, ocorrida neste mês, entre as muitas campanhas publicitárias que se desenvolviam no local, um candidato à reeleição ao cargo de deputado federal pelo estado de São Paulo, em pessoa, promovia, também, sua campanha política. Junto a alguns correligionários, panfletava na calçada para os apressados transeuntes e para os passageiros que aguardavam na fila do ônibus gratuito que os levaria do Anhembi à estação do Metrô mais próxima. Alguém ali, ao notar a presença do político, fez o seguinte comentário a uma das meninas que ajudavam na panfletagem: "Aqui, pelo menos, eles [os políticos] trabalham, né?!".
É bem verdade que a classe política anda bastante desacreditada e há motivos de sobra para que isto esteja acontecendo. Mas, é igualmente verdade que toda generalização é burra. Essa espécie de niilismo político nada tem de útil para a construção de uma nação melhor e mais justa. Muito pelo contrário, serve, justamente, para manter privilégios de quem nunca os mereceu possuir. Alguém que valha a pena ser eleito jamais compraria votos ou faria acordos espúrios em troca deles; quem não vale a pena, sim. E à medida que bons e maus são jogados na mesma vala comum, os últimos se dão melhor porque conseguem os votos necessários se utilizando de meios sórdidos que nunca seriam cogitados pelos primeiros. Por qual outro motivo, pensa o leitor ou a leitora, tantos escândalos apareceriam, exatamente, na época das eleições?
Aquele comentário, desrespeitoso e cheio de preconceito, deixa claro que parte da sociedade precisa ser, urgentemente, chamada à responsabilidade, pois se a situação da classe política chegou ao nível atual, não foi por causa dos maus políticos, mas, sim, por causa dos maus eleitores que os elegeram ou se omitiram, permitindo que fossem eleitos. A tempo, o fato do candidato escolhido não ter sido eleito também não legitima, em hipótese alguma, o boicote ao seu governo por parte dos cidadãos, simplesmente, porque a sociedade é a mesma, antes e depois das eleições. Trabalhar para que as coisas piorem, só porque foi o outro candidato quem ganhou, é uma atitude infantil e absolutamente irresponsável para com as demais pessoas, inclusive, para com os próprios descendentes.
Da próxima vez que lhe chegarem com um papo de que "políticos são todos iguais", pergunte à pessoa o que ela tem feito para mudar o cenário e se admire com as respostas...
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