Tão entretido estava com sua ruminação mental que não percebeu uma pedra que se aproximava. Topou com ela, caiu e se feriu em várias partes do corpo. Levantou de supetão, esbravejou, gritou, esperneou, chutou a pedra, cobriu-a com todos os impropérios conhecidos, enfim, extravasou todo o sentimento reprimido ao longo dos últimos dias. A pedra, como é do feitio das pedras, permaneceu ali, apenas, calada e inerte, sem esboçar a mínima alteração, até que a última gota de ódio do rapaz tivesse sido destilada contra ela. Cansado, ele se deixou cair sobre os próprios joelhos, começando a chorar.
Depois de alguns minutos, já recomposto, embora ainda dolorido, levantou-se e olhou para a pedra que, inabalável, permanecia exatamente no mesmo lugar. Aquela passividade, por um instante, remeteu-o a si mesmo e acabou por se arrepender profundamente de sua perda de autocontrole. Compreendeu, então, a lição que aquela pedra lhe ensinava: não importaria o que fizesse, nada poderia atingi-la. Mesmo que a destruísse, ela jamais deixaria de ser uma pedra por causa disso. Logo, fez como se pretendesse agradecer o ensinamento e seguiu seu caminho, agora bem mais calmo.
Já a pedra, sequer ameaçou se mover..."
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