quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sabe com quem está falando?


Segundo reportagem da Folha de São Paulo veiculada hoje, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) "condenou os bancos a pagar a correção monetária da poupança de quatro planos econômicos das décadas de 1980 e 1990: Bresser (1987), Verão (1989), Collor 1 (1990) e Collor 2 (1991)". Até aí, tudo normal, afinal, durante todo o período o dinheiro ficou à disposição das instituições bancárias para usá-lo e multiplicá-lo com maestria. Acontece que na mesma sentença o tribunal decidiu, também, "reduzir de 20 para 5 anos o prazo para que os correntistas entrassem na Justiça com ações coletivas". Com este pequeno "ajuste", "os bancos derrubam 1.015 das 1.030 ações coletivas que correm na Justiça. Essas ações negadas representam 99% dos 70 milhões de contas de poupanças que teriam direito à correção (...)".

Inacreditável, não?! Mas é verdade. Some-se a isso outro importante detalhe: "a causa dos bancos tem apoio do BC [Banco Central] e do próprio governo, controlador do BB [Banco do Brasil] e da Caixa [Caixa Econômica Federal], banco que mais perde com as correções.". Segundo os bancos, que em 2009 entraram com uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) no Superior Tribunal Federal (STF) para tentar resolver de uma vez por todas a questão (a favor deles, claro!), "a disputa causa instabilidade jurídica e ameaça a solvência do sistema financeiro.". A preocupação tem motivo, já que o valor total da dívida estimada pelo BC e pela Fazenda bate na casa dos R$ 105 bilhões.

Entretanto, para se ter uma noção mais nítida da situação, talvez seja útil a informação de que o BC, só no primeiro semestre deste ano, praticamente dobrou o lucro que registrou em todo o ano passado, ultrapassando a casa dos R$ 10 bilhões. No mesmo período, os bancos lucraram alguns bilhões de reais a mais do que TODO o setor de petróleo e gás brasileiro, o que inclui todos os negócios da gigante Petrobras, firmando-se, com folga, como a atividade mais lucrativa do país.

Quem sabe agora esses pretensiosos cidadãos que desejam reaver o valor que lhes foi subtraído de suas economias saibam, exatamente, com quem estão falando...


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