quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Absurdos da Lógica Humana...


Conversando com um cientista da computação, fiquei sabendo que um dos grandes entraves em se aumentar a segurança do sistema operacional Windows é o fato de seus usuários, geralmente, trabalharem com privilégios de administrador. Afinal, quem aí, no seu próprio computador, criou um outro usuário mais restrito para usá-lo no dia-a-dia? Sem privilégios de administração, um programa malicioso, ou virus, na maioria das vezes, não consegue infectar a máquina. Assim, tentando resolver o problema, a Microsoft lançou o Windows Vista configurado, por padrão, de forma a solicitar do usuário uma confirmação, toda vez que um programa tentasse acessar algo, necessitando desses privilégios. Resultado: além do fiasco comercial — a robustez do programa o deixava "pesado" demais —, os usuários acabavam desabilitando a tal confirmação, uma vez que ficava inviável trabalhar tendo de interferir a cada operação que um programa precisasse fazer.

Analogamente, ficaríamos loucos se tivéssemos que checar a veracidade, ou autenticidade, de cada informação recebida a todo momento. Aliás, pode-se dizer que, nos dias de hoje, isto é humanamente impossível, dado o volume de informação a que, frequentemente, temos acesso.

Ao ler uma notícia¹ do tipo: "Estudos indicam que o consumo excessivo de lanches rápidos — como hambúrguer, fritas e refrigerante — prejudicam o desempenho escolar.", qualquer um acaba tendo de usar seus próprios critérios para levar, ou não, a informação a sério. Dependendo, talvez, da credibilidade da agência de notícia ou da coerência, segundo seus prévios conhecimentos sobre o assunto, você decidirá se vai acreditar, ou não, no fato comunicado. A não ser que você seja absolutamente neurótico, ou neurótica, raramente irá atrás das referências para confirmar a veracidade de cada nova informação recebida — uma ou outra, talvez, dependendo do seu interesse e/ou ceticismo na ocasião. E mesmo que se dispusesse a fazer isto, é quase certo que não poderia repetir o experimento, por si mesmo, para ter certeza sobre os resultados fornecidos. Portanto, acreditamos na informação, ou nas "evidências" dela, tal como um umbandista acredita na Pombajira — claro, baseados em coisas diferentes, mas exatamente da mesma forma e com a mesma validade!

Não bastasse essa incerteza desesperadora a respeito de fatos fora de nosso alcance, ainda há a imprecisão inerente à própria informação, principalmente no que se refere aos seres humanos. Tomemos, como exemplo, algo terrível como o câncer. Você é a favor do câncer? Não, acho que não... Eu também não. Creio que todos sejam contra a doença! Mas, digamos que, hipotética, porém, conservativamente, apenas 95% das pessoas no Brasil sejam, declaradamente, contra o câncer. Muito bem... Agora, responda, dentre seus conhecidos, qual é o percentual deles que adota hábitos saudáveis e faz um acompanhamento periódico para, na eventualidade da doença surgir, poder tratá-la logo no início? Será que, pelo menos, o percentual de fumantes que você conhece é menor que 5%?

E pensar que nos consideramos seres lógicos... Que dr. Spock não nos ouça!


¹ Aparentemente, a informação confere. Veja em: My Overweight Child e no Medical Center's Weekly Newspaper da Vanderbilt University, Nashville, TN, EUA.

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