segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Nostalgias Econômicas


Quem já teve a oportunidade de aprender um pouco sobre a Ciência Econômica, ou Economia, para os íntimos, deve ter notado que a organização social se estrutura, necessariamente, com base no modelo econômico adotado por aquela sociedade. Algumas coisas, entretanto, são comuns a qualquer modelo, tais como as indústrias, ou produtores, e as famílias, ou consumidores. Sem querer ser excessivamente minimalista, pode-se afirmar que, basicamente, é essa relação, entre produtores e consumidores, que efetivamente determina os rumos do mercado.

Ainda me lembro de, quando criança, ter ficado deslumbrado com uma novidade eletrônica que começava a aparecer no mercado brasileiro: um microcomputador TK-85. Recordo-me de meu primo nos mostrando seu novíssimo exemplar que, com programação em BASIC adequada, era capaz de fazer uma linha — ou quem sabe um rio visto de muito, muito alto — mudar de cor no televisor. Fiquei tão maravilhado que infernizei meus pais durante todo o ano para comprarem um igual para mim. No natal, veio a surpresa: meu pai — à época também afeito àquelas modernidades — comprou um microcomputador ainda mais moderno que o TK-85, um Expert MSX da Gradiente! Óbvio que eu não tinha noção de quanto aquilo custara, mas receio, hoje, ter sido bem caro.

Era um sonho! Com seus infinitos 64 KB de memória, era muitíssimo mais poderoso que o ultrapassado TK-85 do meu primo. Com 16 cores e um canal de som, rodava jogos variados e até uma planilha eletrônica! A armazenagem dos dados era feito por um gravador de fitas cassetes e o sistema operacional vinha gravado na memória ROM da máquina. Era possível programar em BASIC, Assembler e código de máquina, além de executar compiladores para várias outras linguagens como LOGO e Lotus123. Depois vieram os PCs e, já na faculdade, minha calculadora HP 48G tinha mais memória que o meu primeiro microcomputador. E, hoje, todos os 128 KB da calculadora não armazenariam uma única imagem em alta resolução.

Mas, talvez você já esteja se perguntando: o que a Economia tem a ver com a pré-história da informática? Pois bem, eu explico. De lá para cá, o custo do byte armazenado caiu de alguns dólares para virtualmente nada! Não faz muito tempo, um cartão de memória de 1 GB para minha máquina fotográfica digital custava R$ 700,00 nas galerias da rua 25 de Março. Atualmente, com menos de R$ 200,00, você pode entrar em qualquer shopping da cidade e sair com o mesmo cartão só que com 8 GB. E o motivo para essa queda absurda dos preços surge, exatamente, da relação entre os produtores e consumidores.

Em um mercado cujo potencial de consumo possa, virtualmente, ser considerado infinito, os produtores investem ininterruptamente em escala e tecnologia para derrubar o custo dos produtos e, com isso, aumentarem suas margens de lucro. Sem consumidores, entretanto, não há investimentos e o produto, ou encarece — no caso dos essenciais —, ou desaparece. Um bom exemplo foi minha última incursão pelas óticas, onde descobri que um par de lentes — não do par de óculos completo! — podia custar mais caro que um laptop.

Já imaginou no que daria para transformar este país se o governo decidisse investir pesado em pesquisa e tecnologia?



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