Ontem, começaria uma bateria de testes com a SpaceShipTwo, nave comercial da Virgin Atlantic Airways que, em breve, levará intrépidos passageiros para experimentarem a gravidade zero no espaço. O projeto foi orçado em US$ 450 milhões e objetiva disponibilizar o acesso a viagens espaciais, já em 2011 ou 2012, a qualquer pessoa disposta a desembolsar US$ 200 mil, incluídos três dias de treinamento — segundo o Portal de Notícias G1, trezentos candidatos já realizaram o depósito para fazer o passeio. Há planos, também, para fornecer serviços de viagens suborbitais entre destinos longínquos do planeta, reduzindo drasticamente o tempo atual do percurso, transportar cientistas e materiais para pesquisa e fornecer uma plataforma remota para o lançamento de pequenas cargas no espaço.
Já dá para imaginar, daqui alguns anos, os relatos sobre as férias passadas no espaço, as fotos do planeta Terra tiradas pelo celular, os executivos incomodados com a demora de duas horas para chegar ao outro lado do mundo, os programas de milhas espaciais, as previsões das tempestades solares na TV, filmagens das brincadeiras na gravidade zero, etc. Com exceção do desenvolvimento tecnológico, não será nada muito diferente do que já pode ser visto hoje por aqui.
No livro "Qual é a tua obra?" de Mário Sérgio Cortella — que estou finalizando e sobre o qual devo escrever em breve —, há uma passagem na qual o autor relata a visita de dois caciques da nação Xavante na São Paulo de 1974. Conta que depois deles ficarem boquiabertos com a Avenida Paulista, o Metrô e os shoppings, foram levados ao Mercado Municipal. Lá, ficaram ainda mais espantados ao ver as enormes pilhas de alimento — que, para os indígenas, era o mesmo que "ouro" para nós. Um dos xavantes viu um garoto recolhendo alguns restos de comida do chão e, sem entender, perguntou a um dos guias o que aquela criança fazia ali, obtendo o "óbvio" como resposta: que ele estava pegando comida. Mais confuso ainda, o cacique questionou o porquê dele pegar comida estragada do chão com tanta comida boa ali disponível, no que lhe responderam que era porque a criança não tinha dinheiro para comprá-la. Ainda sem entender, o índio insistiu e perguntou se o pai da criança não tinha dinheiro, ao que, também, foi-lhe respondido que não. O xavante, então, quis saber por que ele, o guia, que era grande, tinha dinheiro e o pai da criança, que também era grande, não tinha e emendou: "De qual pilha você come, dessa daqui ou a do chão?". E, ao ouvirem a resposta, os xavantes, horrorizados, pediram para ir embora dali imediatamente...
Mas mais de trinta anos depois, muita coisa mudou! A pergunta, hoje, que não quer calar, é se haverá, ou não, serviço de bordo para os viajantes do espaço.
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