Se você nunca viu uma cabeça de bacalhau na sua vida, pelo menos já deve ter experimentado o sabor de sua carne nos deliciosos pratos tipicamente portugueses. O peixe, antigamente muito comum no Oceano Atlântico, é muito saboroso e extremamente saudável. Raramente, porém, encontramos sua carne fresca, sendo normalmente comprado seco e salgado. Aliás, não é incomum achar, no interior brasileiro, gente vendendo outros peixes, secos e salgados, dizendo ser bacalhau.
E o "hoki" (Macruronus novaezelandiae), outro peixe, você também já experimentou? De carne tenra e sabor suave, milhões de toneladas desse peixe são processadas e vendidas anualmente ao redor do mundo. Mas tal como seu "primo português", não é fácil encontrá-lo fresco por ser pescado, principalmente, nas proximidades da costa da Nova Zelândia — o que se evidencia em seu nome científico —, em águas profundas do Oceano Pacífico, a cerca de 800 m. O "hoki" chega a pouco mais de um metro de comprimento, possui olhos saltados, além de uma cauda longa e sinuosa.
Mas, se não o viu, é bem provável que, pelo menos, já o tenha experimentado na forma de empanados — como o que compõe o "McFish". A cadeia de lanchonetes responsável pela sua comercialização, aliás, é uma voraz consumidora, chegando a comercializar quase 7 milhões de toneladas de "hoki" processado por ano.
O resultado previsível, exceto para a indústria de pesca, foi a diminuição da população do peixe, causando impactos sensíveis na ecologia oceânica. Some-se a isto, causas secundárias como a "pesca" acidental de tubarões, arraias, leões marinhos e até aves marinhas, durante a atividade pesqueira. Hoje, o "hoki" é uma preocupação não só de entidades ligadas ao meio-ambiente, como também do próprio governo neozelandês que acreditava ter encontrado uma fonte de exportação sustentável para sua indústria de pesca. Quem paga a conta? Todo mundo. A natureza, a economia, a cadeia comercial e nós, que poderemos deixar de saborear o peixe no futuro.
Disseram-me uma vez que, em excesso, tudo faz mal, até água! Mas, talvez ainda pouca gente compreenda bem isso...
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