quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Procrastinação


Por acaso você se lembra de alguma decisão que tenha deixado para tomar depois? Ou mesmo de uma tarefa que, apesar de essencial, tenha sido adiada por muito tempo? A esta atitude é dado o nome de procrastinação. A palavra vem do latim (pro = à frente; crastinus = de amanhã) e se refere ao adiamento de uma ação necessária.

Há quem procrastine de forma crônica, deixando tudo para depois — ou para última hora —, desde as decisões mais complexas até as tarefas mais simples de seu cotidiano. O resultado é previsível: caos, fracasso, estagnação, angústia, etc.

A procrastinação é, erroneamente, associada à preguiça, estando muito mais relacionada à uma espécie de fuga da realidade do que àquele pecado capital. Não tomar uma decisão, por exemplo, é uma tentativa inconsciente de evitar assumir a responsabilidade pelos fatos dela decorrentes. Da mesma forma, ao não realizar uma determinada tarefa, o indivíduo se permite continuar na eterna ilusão de que, se realmente quisesse, teria sido capaz de realizá-la da forma e no tempo que desejasse.

Em geral, o procrastinador, ou procrastinadora, sofre bastante com os resultados de sua protelação, já que, sem as ações necessárias, os resultados desejados nunca aparecem. Isto não significa, obviamente, que a pessoa seja masoquista, apenas que, psicologicamente, ainda é mais fácil aceitar o insucesso causado por fatores externos do que pelas próprias limitações. Afinal, a realização de algo implica, necessariamente, na constatação dos fatos gerados pela ação, o que não ocorre no mundo-das-hipóteses.

Tome, como exemplo, um estudante que acredita ser mais inteligente do que a média. Ora, neste caso, fazendo menos esforço que os demais, suas notas devem ficar acima da média. O fato disto não acontecer é, entretanto, uma evidência clara de que ele não é tão inteligente quanto se achava. Logo, a fim de evitar tal constatação, adota uma atitude relapsa e, quando chegam as notas baixas, ou apenas na média, justifica-as como fruto de sua negligência (extrínseca), nunca de sua capacidade (intrínseca). Assim, para si mesmo, continua sendo mais inteligente que a média, pois, se tivesse adotado uma atitude mais diligentes, os resultados teriam sido muito melhores.

Apesar de extremamente difícil, a solução do problema é, relativamente, simples. Bastaria a mera "calibração" da auto-imagem com a realidade — ou resultados obtidos. Isto, entretanto, demanda um nível de humildade que muito poucos seres humanos manifestam. Nós, meros mortais, temos de nos contentar em aplicar pequenos macetes para contornar o problema, tal como reduzir o que deve ser feito a uma série de tarefas tão curtas que se tornem, racionalmente, impossíveis de não serem concluídas em tempo hábil e completá-las, quanto antes, mesmo que isto seja conduzido mecanicamente no início.

Por fim, apesar de tantas outras coisas que poderiam ser ditas com relação a este tópico, é importante, também, não mais procrastinar o término desta postagem. Não acha?!



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