Por acaso você se lembra de alguma decisão que tenha deixado para tomar depois? Ou mesmo de uma tarefa que, apesar de essencial, tenha sido adiada por muito tempo? A esta atitude é dado o nome de procrastinação. A palavra vem do latim (pro = à frente; crastinus = de amanhã) e se refere ao adiamento de uma ação necessária.
Há quem procrastine de forma crônica, deixando tudo para depois — ou para última hora —, desde as decisões mais complexas até as tarefas mais simples de seu cotidiano. O resultado é previsível: caos, fracasso, estagnação, angústia, etc.
A procrastinação é, erroneamente, associada à preguiça, estando muito mais relacionada à uma espécie de fuga da realidade do que àquele pecado capital. Não tomar uma decisão, por exemplo, é uma tentativa inconsciente de evitar assumir a responsabilidade pelos fatos dela decorrentes. Da mesma forma, ao não realizar uma determinada tarefa, o indivíduo se permite continuar na eterna ilusão de que, se realmente quisesse, teria sido capaz de realizá-la da forma e no tempo que desejasse.
Em geral, o procrastinador, ou procrastinadora, sofre bastante com os resultados de sua protelação, já que, sem as ações necessárias, os resultados desejados nunca aparecem. Isto não significa, obviamente, que a pessoa seja masoquista, apenas que, psicologicamente, ainda é mais fácil aceitar o insucesso causado por fatores externos do que pelas próprias limitações. Afinal, a realização de algo implica, necessariamente, na constatação dos fatos gerados pela ação, o que não ocorre no mundo-das-hipóteses.
Tome, como exemplo, um estudante que acredita ser mais inteligente do que a média. Ora, neste caso, fazendo menos esforço que os demais, suas notas devem ficar acima da média. O fato disto não acontecer é, entretanto, uma evidência clara de que ele não é tão inteligente quanto se achava. Logo, a fim de evitar tal constatação, adota uma atitude relapsa e, quando chegam as notas baixas, ou apenas na média, justifica-as como fruto de sua negligência (extrínseca), nunca de sua capacidade (intrínseca). Assim, para si mesmo, continua sendo mais inteligente que a média, pois, se tivesse adotado uma atitude mais diligentes, os resultados teriam sido muito melhores.
Apesar de extremamente difícil, a solução do problema é, relativamente, simples. Bastaria a mera "calibração" da auto-imagem com a realidade — ou resultados obtidos. Isto, entretanto, demanda um nível de humildade que muito poucos seres humanos manifestam. Nós, meros mortais, temos de nos contentar em aplicar pequenos macetes para contornar o problema, tal como reduzir o que deve ser feito a uma série de tarefas tão curtas que se tornem, racionalmente, impossíveis de não serem concluídas em tempo hábil e completá-las, quanto antes, mesmo que isto seja conduzido mecanicamente no início.
Por fim, apesar de tantas outras coisas que poderiam ser ditas com relação a este tópico, é importante, também, não mais procrastinar o término desta postagem. Não acha?!
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