"— Vamos, deixe tudo como está e venha comigo.
— Não posso, há muito o que fazer ainda...
— Não há mais tempo. Venha...
— Minhas coisas... Todas minhas coisas ainda estão aqui!
— Olhe ao seu redor. O que vê?
— Além de minhas coisas? Nada...
— Pois, então. Não há mais ninguém aqui. Desapegue-se e venha comigo.
— Não posso! Minha vida está aqui!
— Você não é o que tem de carregar. Venha...
— Por que eu tenho de lhe obedecer? Você não manda em mim...
— De fato. Se eu tivesse poder sobre você, já o teria tirado daqui por minha conta. É porque não tenho que ainda estou aqui, conversando... Quero apenas o seu bem, mas não lhe posso provar. E a opção é sua, só sua. Você pode confiar em mim ou não. É um risco que terá de correr...
— E se eu não for?
— Continuará aqui. Só isso... É o que deseja?
— Não, não quero ficar só! Mas tudo o que é meu está aqui! O que eu fiz, o que deixei de fazer e o que eu ainda gostaria...
— Como lhe disse, não há mais tempo. É hora de escolher se quer ficar aqui ou seguir adiante. Se resolver ficar, terá tudo a que tanto se apega, mas não estará com aqueles com quem deseja compartilhar sua existência. Se decidir seguir, entretanto, terá de deixar tudo para trás, porém estará com os demais.
— Não posso seguir levando minhas coisas?
— Infelizmente, não. É muito peso para voar como os outros.
— É muito doloroso...
— Mas compensador!
— Bem... Vamos, então! Mas para onde?
— Para o presente..."
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