Em 11 de fevereiro de 2010, a Folha de São Paulo noticiou a posição sobre os organismos geneticamente modificados (OGM ou, popularmente, transgênicos) do presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) — o agrônomo Edilson Paiva, escolhido no dia anterior. Segundo ele, favorável à liberação comercial das variedades transgênicas no país, a rotulagem dos alimentos contendo OGMs, por não causarem risco nenhum, seria desnecessária. Paiva, doutor em engenharia genética, foi pesquisador da Embrapa por mais de trinta anos e substituiu Walter Colli, ex-presidente da comissão.
Os defensores dos OGMs são unânimes em garantir a biossegurança desses organismos e apresentam uma extensa lista de vantagens que os tornariam muito mais produtivos e vantajosos. O que ninguém sabe explicar é por que, sendo tão melhores economicamente, há tanta resistência em, simplesmente, identificá-los e proceder com os estudos de longo prazo requeridos pela maior parte dos grupos da sociedade civil contrários à sua liberação indiscriminada. Como já comentado por aqui em "Ética Transgênica", qual seria a justificativa plausível para se esconder dos consumidores o que, de fato, estão comprando?
Segundo a mesma reportagem, Paiva disse ainda, referindo-se aos ativistas ambientais, que "os grupos contrários são muito eficientes em assustar" as pessoas, como se alertas sobre efeitos maléficos à saúde fossem eficazes para impedir a venda de qualquer coisa. Se assim o fosse, o comércio de cigarros já teria se extinguido há tempos no Brasil após a obrigatoriedade da veiculação das fotos e advertências do Ministério da Saúde nas embalagens. A propósito, o leitor, ou a leitora, recorda-se de alguma manifestação de grupos ambientalistas nas fábricas de cigarro?!
Por detrás da resistência em rotular alimentos que contenham OGMs — exigência, inclusive, prevista em lei — esconde-se uma ética mutante sedenta por lucros auferidos pela exploração da ignorância inocente de consumidores. E qualquer tentativa de impedir, formalmente, que se tenha acesso às informações sobre os produtos que adquirimos deve ser ativamente combatida por toda a sociedade, sempre.
Ou, brevemente, salsichas de ratos ou cachorros poderão ser vendidas tranquilamente no varejo sem qualquer aviso na embalagem. Afinal, é tudo carne mesmo...
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