quarta-feira, 21 de abril de 2010

Homem Primata — Parte I


Se uma caridosa família assumisse, hoje, a criação de um frágil rebento do tempo das cavernas — digamos, de uns dez ou quinze mil anos atrás —, ele, ou ela, poderia se tornar um distinto representante dos médicos, advogados, engenheiros, ou qualquer outro grupo profissional, sem grandes problemas. Talvez até enfrentasse algumas dificuldades mas, definitivamente, não muito diferentes das de qualquer garoto da mesma idade. Isto porque, geneticamente, não houve alterações muito significativas nesse período de tempo. Chamar, aliás, uma dezena de milênios de período de tempo já é um exagero em comparação com a idade do planeta. Uma fração de um instante seria, provavelmente, mais indicado.

Uma das questões das provas vestibulares do ano passado falava justamente sobre isso. Colocássemos a história geológica da Terra em um período de doze horas, toda a história humana não seria suficiente para preencher sequer o meio minuto final do período. Não obstante, há ainda quem se ache absolutamente importante neste universo. Mas o que teria, em um ínfimo instante da evolução, transformado primatas que se alimentavam de tubéculos, larvas, frutos e, nos primórdios, até carniça, em seres tão evoluídos ao ponto de lhe ser possível pensar algo dessa natureza?

Infelizmente, como tudo na vida, não há como saber a resposta com certeza. Pode-se, entretanto, inferi-la com base em uma série de achados arqueológicos e o exercício metódico da razão. Assim, suspeita-se que a organização social humana e aprendizagem diferenciada da espécie tenham lançado as bases para a revolução que nos transformou em senhores do planeta Terra.

Antes, porém, cabe algumas observações muito pertinentes para exercitar a humildade dos mais afoitos: há várias outras espécies animais com organizações sociais bem estabelecidas, principalmente — mas não exclusivamente — entre nossos primos primatas superiores. Não somos os únicos que usam ferramentas, que se comunicam, que brincam, que aprendem, que ficam alegres ou deprimidos, enfim, não há diferenças exorbitantes entre a espécie H. sapiens e as demais da mesma ordem. Inclusive, como discutido aqui em "Medicina Evolutiva", há características que compartilhamos com todo filo dos vertebrados, como o cruzamento da traqueia com o esôfago.

Mas fato é que nos organizamos mais eficientemente que os demais seres da Criação. Por que?


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