sexta-feira, 30 de abril de 2010

Viagens Cronológicas


O leitor ou a leitora talvez discorde, mas parece ser bem mais comum a ideia de que o passado determina o presente e que este, por sua vez, determina o futuro. Isto talvez se deva à direção temporal única, direta e linear, segundo a qual a cronologia é construída. E as implicações desse tipo de visão são várias, entre elas, a de que o presente pode ser justificado pelo passado e a de que o futuro apenas reflete o presente. Ambas são razoavelmente aceitáveis e explicam uma variedade de atitudes humanas com relação ao próprio viver, mas, decerto, essa não seriam a única forma de se compreender a existência.

Durante uma discussão sobre as diferenças entre o pensamento de Wundt e James, adveio uma visão de mundo absolutamente excêntrica à luz do senso comum, mas que, talvez, reflita com maior precisão o transcorrer cronológico e suas consequências. Para Simão, L. M., o futuro determina o presente e este, o passado. Em outras palavras, as realizações presentes se baseiam nos objetivos de um futuro projetado que, apesar de ainda inexistente, determina o que fazemos hoje. E o passado, escravo das interpretações, é sempre descrito com base em nosso presente estado de conhecimento, alterando-se constantemente.

A ideia, entretanto, não é de todo nova, conforme advertido pela própria autora. Já na metade do século passado, George Orwell escrevia em seu livro 1984: "Who controls the past controls the future: who controls the present controls the past." (ou em tradução livre: "Quem controla o passado, controla o futuro: quem controla o presente, controla o passado."). O trecho ficou famoso o que nos leva a crer que, de alguma forma, uma alteração na linearidade de pensamento tem o poder de fazer com que compreendamos além do que nos permitiria o mero mecanicismo científico.

Mas se nada o que foi aqui escrito lhe fez muito sentido, não há com que se preocupar. O texto de hoje era apenas uma utópica tentativa de se compartilhar um "insight" que, por definição, não pode ser compartilhado. Pode-se, no máximo, acusar-lhe a existência, cabendo a cada um buscar o seu já que, infelizmente, não há fórmula para isso.

Mas, creia ou não, essas coisas existem...


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