Emoção: Substantivo feminino. Comoção; ação de mover (moralmente); abalo moral; alvoroço. (Dicionário da Língua Portuguesa, Editora LEP, 1959.)
Emoção (e sentimento): Verbete. A emoção é a experiência afetiva desencadeada por fator excitante e acompanhada de reações motoras ou glandulares excessivas; os estados afetivos menos intensos, que dependem mais diretamente das qualidades reais do objeto, constituem de modo geral os sentimentos. (Enciclopédia Barsa Britânica, 1965.)
Emoção: Substantivo feminino. 1. Ato de mover (moralmente). 2. Abalo moral; comoção. (Dicionário Folha-Aurélio Básico da Língua Portuguesa, 1995.)
Emoção: Substantivo feminino. 1. ato de deslocar, movimentar. 2. agitação de sentimentos; abalo afetivo ou moral; turbação, comoção. (Dicionário Houaiss Eletrônico da Língua Portuguesa, 2001.)
Tão antiga quanto o ser humano, a emoção acompanha a evolução da espécie desde seus primórdios. Muito além de meras simulações mentais, envolve também uma série de alterações fisiológicas, intimamente ligadas aos sentidos, desencadeando ações "involuntárias" por parte do indivíduo. É razoável supor que sua função evolutiva tenha sido a de garantir a sobrevivência da espécie, selecionando indivíduos que apresentassem reações quase que instantâneas ao menor sinal de perigo. E, talvez por isso, a referência ao movimento seja tão persistente nas várias definições do termo, conforme algumas conceituações dos últimos cinquenta anos — acima. Segundo Houaiss, a própria etimologia da palavra refere-se ao termo latino "motio" que significa "movimento, perturbação (de febre)".
Centenas de milhares de anos após seu cenário evolutivo original, os seres humanos vimos tentando entender e conceituar, também, a emoção e, mesmo sem uma resposta definitiva, sabemos, pelo menos, que está muito além de um simples conjunto de reações automáticas ativadas ao menor sinal de ameaça. A emoção é peça chave nas relações sociais, na arte, na comunicação, na tomada de decisões e em diversas outras atividades tipicamente humanas. Não fosse a emoção, por exemplo, como compreender o último verso do Soneto de Fidelidade de Vinicius de Moraes: "Mas que seja infinito enquanto dure."? As emoções integram, portanto, a complexa organização sistêmica da consciência humana e consolida-se como outra das características que nos diferencia das demais espécies terrestres.
No final do século XIX, o filósofo e psicólogo estadunidense William James (1842-1910) ressaltou a natureza fisiológica das emoções, chegando a afirmar que se pudesse eliminar, conscientemente, todas as sensações corpóreas de uma emoção, dela, nada restaria (James apud Damásio, 2001). É provável que os efeitos dessa natureza, algumas vezes equivocados segundo a racionalidade — como a paralisação face ao perigo —, tenham gerado, no senso comum, a ideia de que a emoção seria um obstáculo para a tomada das decisões humanas mais adequadas. Quem não se lembra da consagrada série de ficção científica, Jornada nas Estrelas (Star Trek), na qual o Sr. Spock era visto como um dos mais capacitados para tomar decisões difíceis, que exigissem lógica e racionalidade, simplesmente por não manifestar emoções, comuns aos demais tripulantes humanos da nave USS Enterprise?
Não é difícil perceber, entretanto, que, sem os auspícios indutivos da emoção, algumas decisões seriam impraticáveis, como, por exemplo, as logicamente equivalentes — tal como decidir-se entre opções idênticas. Aliás, como será apresentado futuramente, a emoção é parte fundamental de qualquer processo decisório, inclusive dos que envolvem conclusões estritamente lógico-dedutivas.
E a história continua...
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