Não obstante todas essas evoluções e revoluções, muito pouco — ou nada — mudou na fisiologia humana que continua praticamente igual a de nossos ancestrais primatas de dez mil anos atrás. E o fato de não ter havido uma mudança genética significativa durante esse período, sugere que o "pulo-do-gato" na distinção da espécie humana do resto do reino animal tenha se dado em um nível psico-social — como isto aconteceu, exatamente, é uma outra história que deve render um Nobel à quem descobrir. E a partir dessa mais-do-que-razoável inferência, é possível se ter uma noção do quão relevantes, para o desenvolvimento humano, são a epistemologia e a humildade.
Com relação à primeira, pode-se dizer que não há como negar a importância de descobertas simples — e que, hoje, parece-nos banais — como saber que o fogo poderia transformar certos produtos tóxicos em comestíveis. Cada avanço, por mais insignificante que pareça, contribuiu para que pudéssemos, no atual momento, pretender enviar alguém a outro planeta. Mesmo os equívocos, evidenciando por onde não seguir, foram fundamentais para delinear o avançado estado tecnológico em que a humanidade se encontra no presente. Conceitos científicos esdrúxulos atualmente eram, em seu tempo, amplamente aceitos e defendidos de forma acalorada por muitos. Outros, considerados absurdos em um determinado período, acabaram, mais tarde, mostrando-se adequados se considerados sob uma nova perspectiva.
Só para citar um exemplo, a força gravitacional de Newton, difícil de ser aceita em sua época, tornou-se tão comum para os mortais que seria um sacrilégio questionar sua existência. Hoje, entretanto, busca-se explicar o efeito da atração gravitacional não mais pela ação de uma força, mas pela troca de partículas subatômicas¹ entre corpos com massa. Desprezar, no entanto, a contribuição de Aristóteles porque ele acreditava que corpos com massas diferentes caiam na Terra com velocidades diferentes é, no mínimo, ignorar a forma como o saber humano é construído ao longo do tempo.
Mas talvez a falta de perspectiva epistemológica seja apenas um efeito colateral de uma doença grave e cada vez mais comum neste momento histórico: a falta de humildade. Este é o pior inimigo da aprendizagem porque aquele que já sabe, não tem como aprender. A cada certeza científica defendida com unhas e dentes, morre a possibilidade de uma nova descoberta no futuro. A cada fato desprezado, simplesmente por não se enquadrar à metodologia científica vigente, perde-se um rico mundo de novos conhecimentos.
Àqueles com absoluta certeza de seus próprios pontos de vista, este autor pede sinceras desculpas e lembra que não há por que se preocupar com qualquer ponto discordante deste texto, já que não existe certeza sobre o que foi exposto aqui.
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