quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quarta Sociológica


Não há como falar em sociologia sem mencionar pelo menos três personagens fundamentais de sua história: Durkheim, Marx e Weber. Os pensamentos dos três autores permeiam, se não todo, boa parte dos estudos sociológicos do mundo ocidental. Contribuíram, cada qual a seu tempo, para uma maior compreensão das influências sociais sobre os indivíduos, deixando uma vasta obra que influencia a área até hoje. Capturar a essência do pensamento de cada autor sem uma análise minuciosa de seus escritos é praticamente impossível, mas talvez alguns de seus textos chaves forneçam uma noção útil a curiosos como este autor.

Émile Durkheim (1858-1917) era francês e fundou a escola francesa de sociologia. Dono de uma metodologia invejável, combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica e foi um dos maiores teóricos do conceito de coesão social. Um de seus principais e mais conhecidos livros publicados foi "O Suicídio" (1897) em que classifica os suicídios em três categorias: egoísta, altruísta e anômico. Para tanto, baseou-se, sobretudo, nos índices de suicídio verificados nas diferentes comunidades religiosas — católicos, protestantes e judeus — estabelecidas na europa do século XIX. Uma de suas principais conclusões foi a de que os índices de suicídio eram influenciados pelo nível de coesão social de cada comunidade, evidenciando o efeito social sobre o indivíduo.

Anterior à Durkheim, o alemão Karl Heinrich Marx (1818-1883) foi um pensador revolucionário que fundou a doutrina comunista. De maneira geral, suas ideias tiveram maior impacto na economia e na política, mas também foram fundamentais para a construção da moderna ciência sociológica. Sua principal obra foi, sem dúvida, "O Capital" (1867), porém foi "O Manifesto Comunista" (1848), escrito em parceria com Engels — como já mencionado por aqui em "O Manifesto e a Sociedade" —, que inaugurou a projeção internacional de seu pensamento. Uma de suas principais contribuições para a sociologia foi a de ter explicitado o efeito da organização social, baseada na forma de produção capitalista, sobre as decisões de cada cidadão.

Finalmente, Maximillian Carl Emil Weber (1864-1920), outro alemão, também é considerado um dos fundadores da sociologia moderna. Sua principal obra foi "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" (1920) na qual discorre sobre como ideias sagradas para o protestantismo, em especial o calvinista, podiam, através da racionalização do trabalho, ser transferidas para um mundo profano e influenciar a organização social da época. Já na introdução do texto, faz uma apologia ao conhecimento ocidental e explica que a essência do capitalismo moderno já estaria presente desde os primórdios das relações comerciais. Weber, contrapondo-se a Marx, parte de um dado empírico — de que a maioria dos dirigentes da época eram protestantes, especialmente na Alemanha — e tenta demonstrar que a motivação para a sociedade se organizar de uma determinada forma não dependia exclusivamente da lógica econômica, mas de um ethos característico do povo.

Graças a esses autores, a sociologia, hoje, pode, sem nos eximir da responsabilidade pelas posições pessoais, ajudar-nos a compreender que devemos muito do que somos a algo maior do que nós mesmos: a sociedade.


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