sábado, 17 de abril de 2010

O lado B.


Poucos devem se lembrar, mas existiu, em um tempo remoto, uma forma um tanto arcaica de se comercializar músicas e que fazia a alegria da grandes gravadoras: os discos de vinil. Naquela época, a pirataria musical era incipiente — se é que existia — e, com pouquíssima concorrência, o negócio musical era altamente rentável. Mas, aos poucos, as estrias no plástico que produziam o som pela vibração foram substituídas por estrias no plástico que produziam o som pela interferência do raio laser na forma digital. Hoje, praticamente, não há mais discos, estrias ou laser e as músicas vagam eletronicamente, transmutando-se entre ondas eletromagnéticas, registros magnéticos e, claro, som.

Nessa transição, enquanto as crianças aprendiam a dominar seus "MP3 Players" com maestria, a indústria fonográfica surtava em desespero e usava, mundialmente, tudo o que lhe restava de poder político-econômico para criar dificuldades legais ao compartilhamento de músicas, sob a alegação de proteger os direitos autorais. Logo, fiscais autuando escolas, por tocarem músicas de quadrilha nas festas juninas infantis sem o devido pagamento dos direitos autorais, tornou-se uma cena corriqueira. Mas, tal como os vinis, a história também tem um outro lado que proporcionou uma maior democratização musical, a redução de monopólios culturais, uma certa melhoria da obra musical — ninguém mais vende um disco inteiro por causa de uma única boa música —, a criação de formas mais inteligentes de comercialização musical, etc.

Mas, na realidade, toda essa palração era só para introduzir o real motivo desta postagem: o lado Bom. Procurando com cuidado, consegue-se achar coisas realmente muito boas onde menos se espera. A música de abertura da novela das oito é um bom exemplo disso. A composição de Toquinho e Vinicius de Moraes é de beleza e profundidade singulares. Tão bela que vale a pena até parar o que se está fazendo por alguns instantes só para ouvir, ao longe, a novela começando...


Sei lá a Vida Tem Sempre Razão
Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação

Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, Sei lá
A vida tem sempre razão

A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não

Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão

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