
As consequências não tardam a aparecer e logo surgem os dissabores do arrependimento. Depois do rompante, entretanto, resta apenas o lamento e as tentativas de reparação, mas parte do estrago, provavelmente, terá sido irreversível. Tal como na história do menino que bradava palavrões, ofendendo qualquer um que estivesse ao seu lado. Seu pai, então, com a intenção de corrigir o comportamento inapropriado do garoto, lança-lhe um desafio, dizendo que para cada palavra de calão que pronunciasse, deveria, como castigo, fincar um prego em um dos mourões no cercado da casa. No primeiro dia, o rapazinho pregou algumas dezenas, na semana seguinte, alguns mais, até que, finalmente, dirige-se, todo orgulhoso, a seu pai e diz que não havia pregado nem um único prego sequer naquele dia. O pai, então, pede ao menino que voltasse ao mourão e retirasse os pregos que havia fincado lá. Quando retorna, diz que conseguira retirar os pregos, mas que o mourão ainda permanecia todo furado. Seu pai, então, explica-lhe que o uso de palavras ofensivas tinham um funcionamento similar: mesmo remediando-se depois, certos estragos não podiam mais ser recuperados.
Assim, como não parece haver dúvidas nem sobre se preferir estar ao lado de pessoas mais pacientes àquelas mais explosivas, nem sobre os óbvios benefícios da paciência em nos poupar aborrecimentos futuros, seria ótimo que houvesse um meio para nos auxiliar a sermos ainda mais pacientes. Infelizmente, a não ser que se dedique a vida à filosofia dos zen-budistas — pelo menos no geral, seus seguidores parecem mais pacientes do que a média da população —, não existe um meio simples. Há, no entanto, várias coisas que ajudam como sempre se questionar se a ação possui um propósito claro, não servindo apenas para satisfazer o próprio ego, se o objetivo desejado vale, mesmo, todas as consequências que poderão advir de sua conquista, se não existe uma outra forma melhor de se conseguir aquilo, etc.
Hoje em dia, ao menos, ninguém mais precisa se internar em um mosteiro para exercitar suas técnicas de desenvolvimento da paciência, bastando, para isso, tentar solucionar qualquer problema banal com algum dos serviços de tele-atendimento disponíveis no mercado. Experimente!
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