Acontece que, na realidade, não é a falta de pessoas próximas, fisicamente, que gera a solidão — embora isto cause a sensação em muita gente —, mas a falta de interação, de ter alguém com quem compartilhar o momento. Mesmo com um milhão de amigos, talvez a pessoa se sinta profundamente solitária ao vivenciar algo relevante sem ter outra, ao lado e naquele exato momento, para dividir aquela experiência. Quem conhece a história do jovem Christopher McCandless — brevemente comentada por aqui no texto sobre o filme "Na Natureza Selvagem" — deve se lembrar de sua "iluminação", sobre o assunto, expressa na frase que escreveu: "a felicidade só é verdadeira quando compartilhada".
Mas na cidade, ao contrário do que se passava com McCandless nas florestas do Alasca, as pessoas estão ali próximas, juntas, porém isoladas relacionalmente umas das outras. Quem nunca se sentiu deslocado ou deslocada, solitário ou solitária, em uma festa lotada, por exemplo? Basta não ter ninguém com quem conversar, dividir opiniões, interagir... Isto talvez explique parte de fenômenos como o "Twitter", por exemplo, já que postar comentários na rede mundial sobre as próprias experiências é uma forma, ainda que remota e virtual, de compartilhá-las com mais alguém — algum dos "seguidores".
Talvez por isso também, apesar de tristes, os solitários momentos paulistanos acabem se tornando poéticos...
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