Por mais estranho que a afirmação possa soar, a dura realidade é que o tempo não falta a ninguém. Tampouco existe alguém com sobra de tempo — pelo menos neste universo. O tempo — para desespero de alguns — é rigorosamente igual para todo mundo. Seja biliardário, paupérrimo, alto, baixo, gordo, magro, negro, branco, competente, incompetente, ágil, lerdo, bom ou mau caráter, não importa, os minutos disponíveis serão sempre os mesmos. O que diferencia os "tempos" das pessoas não é uma característica imanente da natureza temporal, mas a forma como a cota diária de instantes é empregada na busca pelos próprios objetivos.
Um alto executivo de uma multinacional, por exemplo, poderia olhar para um monge no Tibete e pensar como o mesmo consegue "desperdiçar" tanto do seu tempo, mas o contrário — ou seja, o mesmo pensamento, mas do monge com relação ao executivo — seria, também, igualmente factível. As diferentes análises de uma mesma situação emergem dos diversos pontos-de-vista e, consequentemente, dos respectivos critérios adotados para se estabelecer as prioridades ao longo das próprias vidas. A situação do momento também colabora para uma desigualdade na percepção do tempo, tanto que a história da "velocidade" do tempo ser diferente quando dentro ou fora do banheiro virou piada famosa na internet.
Desde Einstein, entretanto, sabe-se que os modelos físicos preveem uma efetiva alteração no passar do tempo, dependendo da velocidade em que o corpo se desloca. Quanto mais alta for a velocidade de deslocamento, mais lento é o passar do tempo. O efeito foi comprovado experimentalmente colocando-se relógios atômicos (de altíssima precisão), previamente sincronizados com outros fixos, para viajar em aviões durante longos períodos. O efeito, claro, é mínimo, mesmo em velocidades supersônicas, tornando-se significativo apenas em velocidades próximas à da luz — cerca de 300.000 km/s. De qualquer forma, pelo menos neste caso, o executivo que viajasse muitíssimo de avião talvez pudesse, ao final de toda sua vida, gabar-se de ter ganho alguns segundos em relação ao monge.
Bom seria isso funcionasse ao corrermos, como a luz, só para finalizar todos os afazeres que nos propomos...
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