terça-feira, 27 de julho de 2010

Antepassados Avançados


Revirando algumas relíquias avoengas, um recorte de uma reportagem do jornal Folha de São Paulo de 24 de fevereiro de 1968 saltava aos olhos. O texto, especial para a Folha, assinado por Cécile Clare de Paris, tratava das evidências de uma civilização avançada que, supostamente, teria vivido na Terra há pelo menos 10.000 anos atrás. E, por mais estranho que possa parecer, o termo "avançada" não se referia à biologia humana, mas ao nível de desenvolvimento tecnológico da civilização. O texto se baseia em um livro denominado "Os mapas dos antigos reis do mar. Demonstração da existência de uma civilização avançada na era glacial", escrito por Charles Hutchins Hapgood (1904-1982), então professor da Keene State College em New Hampshire, EUA.

Hapgood, que havia obtido seu título de mestre em história medieval e moderna na renomada universidade de Harvard, entrou em contato com os trabalhos de um arqueólogo, Arlington H. Mallery, sobre um mapa-múndi concebido por um almirante turco chamado Piri Reis, em 1513. Alguns detalhes do mapa chamaram a atenção de Hapgood, como traçados da América e das regiões polares. Solicitou, então, a matemáticos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que investigassem o sistema de projeção utilizado na confecção do mapa e obteve como resposta que o sistema era válido e tomava por base uma trigonometria esférica planificada. A princípio, os mapas que teriam servido de modelo para o de Piri Reis deveriam ser atribuídos à antiguidade grega, mas informações como a indicação precisa dos Andes (inclusive, com o desenho de uma lhama, animal que só viria a ser conhecido séculos mais tarde pelos europeus), das Ilhas Malvinas ou Falklands (descobertas só em 1592), etc., não condiziam com os conhecimentos disponíveis na época.

As investigações de Hapgood continuaram com outros mapas, tais como o do cartógrafo francês Oronce Finé ou Oronteus Finaeus (1531) que apresentava o continente antártico com montanhas e rios se dirigindo ao oceano, o de Harji Hammed (1558) que mostrava o traçado do Atlântico e do Pacífico com precisão, os "portulan" de De Carnero (1502) e veneziano (1484), de Canestris (1335), de Reinel (1510), dos Irmãos Zeno (1380), de Ptolomeu, de Andrea Benincasa (1503), etc. Todos apresentavam algum indício de terem se baseado em mapas extremamente precisos de épocas ainda muito anteriores à deles. Como uma cartografia anterior tão avançada poderia existir sem que dispusessem de muitos dos equipamentos de que só conseguimos desenvolver hoje?

E, assim, questão parece continuar obscura há mais de 40 anos...


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