Após vários dias de trabalho duro, o cidadão se prepara para viajar com a família em um feriado municipal qualquer. Planeja a viagem, reserva a hospedagem e as passagens com antecedência e lista tudo o que vai precisar — afinal, não é sempre que surge uma oportunidade como essa. Entre as diversas atividades que antecedem o evento, entretanto, o pagamento de uma conta com o vencimento exatamente no dia do feriado passa despercebido, ficando no meio de outras que seriam pagas no dia seguinte à volta. Ao retornar, a desagradável surpresa: multa e juros de mora acrescidos ao valor original. Apesar da chateação, nada mais justo, afinal, o valor extra faz parte de um acordo entre a empresa — que não tem culpa da distração de seu cliente — e o consumidor.
Mas noutra ocasião, uma empresa debita um certo valor da conta corrente de um cidadão. Alguns dias depois, durante uma verificação de rotina do seu extrato bancário, o titular percebe o débito indevido e liga para reclamar com a empresa responsável. Após vários minutos do seu tempo, muita paciência e alguns números de protocolo depois, a empresa reconhece o erro e informa que o valor será restituído em alguns dias úteis. Então, após quase quinze dias contados a partir do débito, o valor retorna à conta do cidadão, rigorosamente idêntico ao que lhe fora subtraído de forma indevida.
Injustiças como essa ocorrem inúmeras vezes por dia, com milhões de pessoas e milhares de empresas diferentes, especialmente as de serviço. Na infinita maioria das vezes, o cidadão é lesado e deixa barato, ou melhor, paga para não ter mais um problema para resolver na sua vida. E nessa brincadeira, bilhões de reais são somados de forma absolutamente irregular aos polpudos lucros empresariais. E nenhuma autoridade do país toma qualquer atitude para resolver o problema. Até a Justiça, o último recurso do cidadão, é, quase sempre, ineficiente e omissa. Aliás, atualmente, como é praxe nas empresas campeãs em reclamações, resolve-se, quando muito, somente os problemas registrados nos órgãos competentes, utilizando, assim, o sistema e o dinheiro públicos para benefício do próprio negócio e sem o menor pudor.
Parece que a "justiça econômica" ainda será a mais justa por muito, muito tempo...
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