O "origami" é uma tradicional forma de arte japonesa que remonta ao século XVII, no período Edo, e consiste na dobradura do papel com o objetivo de formar diferentes representações de plantas, objetos, animais, etc. No princípio, como outras tradições ancestrais, não havia registro das instruções de como fazer as dobraduras, tendo sido passadas oralmente de geração em geração. Com o tempo, a arte se popularizou — principalmente com a redução no preço do papel — e acabou ganhando adeptos dentro e fora do Japão. Hoje, ensinado até em algumas escolas primárias, o "origami" teve várias de suas técnicas aprimoradas, tornando-se acessível a, virtualmente, qualquer pessoa. Integra o rico conjunto de sabedoria popular japonesa, sendo, inclusive, mencionado em lendas e histórias reais, tal como no exemplo seguinte.
No dia 6 de agosto de 1945, um avião militar dos Estados Unidos da América lançava sobre a cidade de Hiroshima, no Japão, uma das duas únicas bombas atômicas utilizadas contra seres humanos na história do planeta Terra — a outra foi lançada por outro avião estadunidense, três dias depois, sobre a cidade de Nagasaki, no mesmo país. Dez anos mais tarde, uma garota visitava sua melhor amiga, Sadako Sasaki, internada no hospital devido a complicações médicas causadas pela radioatividade daquela explosão. Sadako, com apenas dois anos de idade no momento do ataque, havia sobrevivido mesmo estando somente a cerca de 2 km do ponto-zero, na ponte Misasa. Durante a visita, sua amiga fez um "tsuru" com uma folha de papel dourado e a presenteou, contando-lhe a lenda japonesa na qual dizia ser concedido um desejo à pessoa que fizesse mil dobraduras como aquela. Desde então, Sadako passou a fazer aquele "origami" em todos os momentos livres de que dispunha no hospital, sempre com o mesmo pedido: recuperar-se e ter uma vida normal como as demais crianças. Mas, no dia 25 de outubro daquele mesmo ano, aos 12 anos de idade, Sadako faleceu sem conseguir terminar todas as dobraduras. Posteriormente, seus amigos se encarregaram de terminar as que faltavam, enterrando-as com ela.
Mas a despeito da história com um final tão triste, o "tsuru" simboliza a felicidade, a riqueza, a amizade e a longevidade. Recebê-lo de alguém é um sinal de profunda estima e consideração. A figura apresentada no final do texto mostra, passo-a-passo, como fazer a dobradura. Para quem nunca fez um "origami", a dica é que as linhas pontilhadas são dobras intermediárias e servem como marcas para a dobra final.
Fica a questão se os mil "tsurus" poderão ser feitos amanhã, durante a comemoração do 4 de julho...
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