segunda-feira, 26 de julho de 2010

Se essa rua, se essa rua fosse minha...


A Alemanha é famosa por suas auto-estradas, chamadas por lá de "Autobahn". Possuem, pelo menos, duas vias de tráfego e, em muitos pontos, não apresentam limites de velocidade. Aliás, pelo contrário, em algumas delas são estipuladas velocidades mínimas que devem ser respeitadas em cada uma das faixas, ou seja, o motorista que trafegar naquela via abaixo da velocidade mínima indicada, poderá ser multado. Talvez por isso, a sinalização, a manutenção e a qualidade das pistas são impecáveis, afinal, ausentes os limites de velocidades, qualquer falha pode causar um acidente fatal — que, não por acaso, raramente ocorrem por lá. As "Autobahn" cruzam todo o território do país e constituem importantes vias de escoamento, tanto de produtos quanto de pessoas, sendo, para muitos alemães, um verdadeiro orgulho.

No Brasil, é o estado de São Paulo que, indiscutivelmente, detém a melhor malha viária do país. Uma rápida olhada no mapa rodoviário paulista, comparativamente aos dos demais estados da federação, é suficiente para comprovar tal afirmação. Além da maior quantidade de acessos, também a qualidade das vias é muito superior, nada deixando a desejar, inclusive, às auto-estradas alemãs. A única diferença é que, na Alemanha, não existem pedágios. São Paulo, por sua vez, não apenas possui um dos mais altos custos — se não o maior — por quilômetro rodado de todo o país, como também sustenta praças de pedágio até nas áreas (urbanas) restritas pela própria legislação do estado. As concessionárias, todas privadas, possuem, inclusive, o aval do governo estadual para fechar todo e qualquer acesso alternativo que não passe pelos postos de pedágios. Ir da cidade de São Paulo à cidade de Santos, por exemplo, cerca de 80 km, custa, hoje, para um veículo de passeio, a "bagatela" de R$ 18,50, independentemente do caminho que o usuário escolha, seja pela Rodovia dos Imigrantes (ampla, moderna, pouco sinuosa, etc.), seja pela Rodovia Anchieta (estreita, antiga, sinuosa, etc.). Não há alternativas.

Um outro exemplo seja, talvez, um pouco mais evidente. Morando na cidade de São Paulo, suponha que alguém viesse lhe visitar em um final de semana qualquer, mas que, por infelicidade, chegue e retorne de avião pelo aeroporto de Viracopos, na cidade de Campinas, cerca de 100 km da capital. Tanto para buscar quanto para levar a pessoa de carro, as alternativas são a Rodovia dos Bandeirantes e a Rodovia Anhanguera. Independentemente da que escolher, o usuário terá de desembolsar R$ 12,70 por trecho. Isto significa que, ao longo do final de semana, caso tenha de ir buscar a pessoa no aeroporto, voltar para a capital, levá-la novamente ao aeroporto e retornar para sua residência, o cidadão será obrigado a dispor da "justa" quantia de R$ 50,80 — mais ou menos o mesmo valor de um tanque de álcool combustível.

Mas, felizmente, parece que, para a maioria dos paulistas, as belas auto-estradas e seu altíssimo custo também são um orgulho. Se assim não o fosse, os representantes do povo que promoveram tal situação já teriam sido sacados do governo do estado há muito tempo.

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