sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Revolução Constitucionalista I


Hoje se comemora a Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado ocorrido no estado de São Paulo, que tinha por objetivo derrubar o Governo Provisório (a ditadura) do gaúcho Getúlio Vargas e promulgar uma nova constituição para o Brasil. Orgulho do povo paulista, o Nove de Julho é a data cívica mais importante de sua história, sendo feriado estadual. O episódio marca o início do violento conflito entre as forças paulistas e as tropas federais, durante o conturbado período entre o final da República Velha (1889-1930) e o início da República nova no país. Por detrás dos nobres ideais ostentados pelos revolucionários, entretanto, esconde-se, uma desigual luta de classes — ou, entre o capital e o trabalho, como preferem alguns — que, obviamente, passa à margem dos fatos históricos destacados na historiografia oficial.

Tudo começa um pouco antes da Revolução de 1930, no final dos anos 1920. São Paulo já era um dos estados economicamente mais poderosos da federação e, além da oligarquia agrária — dona do poder político —, ostentava também uma florescente elite urbana e industrial que já não mais aceitava se submeter, passivamente, ao poder político dos coronéis do café. Paralelamente, no cenário nacional, crescia, nas principais cidades brasileiras, a mobilização do operariado na busca por condições mais dignas de trabalho, ao mesmo tempo que, no mundo, os movimentos comunistas e socialistas iam ganhando força, incentivados principalmente pelo sucesso obtido na Revolução Russa de 1917.

Ao longo desses anos que precederam a Revolução de 1930, o Partido Comunista do Brasil (PCB), fundado em 1922, rezando à risca a cartilha da Internacional Comunista, passou a empreender uma ampla campanha para arregimentar apoio e formar uma frente única, com o propósito de ganhar força e conseguir participar ativamente da vida política no país — no campo de batalha parlamentar. Apoiados pelo Partido Democrático, que se opunha ao governo de Washington Luís, sua estratégia acabou por sufocar os movimentos operários dissidentes no interior dos sindicatos, especialmente o dos anarco-sindicalistas que não reconheciam a autoridade da direção do partido, e conseguiu o apoio do campesinato — formando o Bloco Operário e Camponês (BOC). Assim, segundo Tronca, o proletariado, com a colaboração do próprio PCB, caía na mais ardilosa armadilha criada pelas elites para sufocar a luta de classes que emergia no Brasil dos anos 1930 (Tronca, Ítalo. Revolução de 1930: a dominação oculta. São Paulo: Brasiliense, 1990. 7 ed.).

Mas esses seriam apenas os primeiros movimentos no xadrez político que se iniciara...

Nenhum comentário:

Postar um comentário