Quando, então, em 1929, a oligarquia paulista quebra o pacto de alternância de poder com os mineiros (a chamada República do Café com Leite), apoiando, com a salvaguarda de 17 outros estados da federação, o paulista Júlio Prestes na sucessão do também paulista Washington Luís, a reação é rápida e Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba se juntam para formar a Aliança Liberal, lançando Getúlio Vargas à Presidência da República. Sua candidatura também contava com o apoio do Partido Democrático de São Paulo, interessado em remover o Partido Republicano Paulista do poder. Neste ponto, o Partido Democrático e seus agregados não só retiram o apoio que vinham dando ao BOC, como também passam a acusar os republicanos de lenientes com relação à "ameaça" comunista que "assombrava" o país.
O resultado seria a Revolução de 1930, quando, após Júlio Prestes vencer as eleições com mais de 90% dos votos, em 17 estados e no Distrito Federal, a ala mais radical da Aliança Liberal se revolta, pega em armas, assume o comando dos três estados (MG, RS e PB) e marcha para a capital federal. No dia 24 de outubro de 1930, o golpe militar, liderado por comandantes do Rio de Janeiro, depõe Washington Luís, exila Júlio Prestes, antes de sua posse, e coloca Getúlio Vargas como chefe do Governo Provisório. Tão logo assume o cargo, Getúlio não só começa a empreender uma verdadeira caçada aos comunistas (entre eles, diversos ativistas do movimento sindical), como também aumenta, sobremaneira, e consolida os mecanismos de repressão e controle dos movimentos operários.
Para se ter uma ideia, "com o objetivo de aprimorar o aparelho repressivo, uma das primeiras providências do 'revolucionário' Batista Luzardo, novo chefe de polícia do Rio de Janeiro, foi a contratação, em março de 1931, de dois técnicos do Departamento de Polícia de Nova Iorque, a fim de organizar, no Brasil, um 'serviço especial de repressão ao comunismo', nos moldes do existente nos Estados Unidos." (Tronca, I. Revolução de 1930: a dominação oculta. São Paulo: Brasiliense, 1990. 7 ed. p. 92). Não obstante o reconhecimento dos sindicatos pelo Estado como legítimos representantes da classe trabalhadora, as leis impostas pelo governo de Getúlio Vargas descaracterizaram completamente o movimento sindical e afastaram os líderes mais combatentes, em sua maioria estrangeiros, da direção dessas instituições.
Pronto, aniquilado o problema do proletariado, as elites estavam de volta à cena política para disputarem, entre si, seus quinhões de poder, culminando na Revolução Constitucionalista de 1932.
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