Quem não fugiu das aulas de ciências na escola deve se lembrar da variação de temperatura segundo a altitude — quanto mais alto, mais frio. E mesmo os que detestavam a disciplina devem saber ao menos, quase instintivamente, que a média de temperaturas em uma cidade no alto da serra — como Campos do Jordão no interior paulista — costuma ser menor do que uma cidade litorânea em uma latitude similar — como Santos, por exemplo, também no litoral do estado de São Paulo. Isto se deve, em grande parte, ao efeito da pressão atmosférica que é maior no nível do mar — recordando: para um volume de ar constante, a pressão é diretamente proporcional à temperatura (P=T·cte), ou seja, quanto maior a pressão (mais baixo), maior deve ser a temperatura. Bom seria se tudo fosse, assim, simples como a equação dos gases ideais...
Ironias à parte, a variação da temperatura com a altitude é a base de um fenômeno atmosférico comum no inverno paulistano: a inversão térmica. Ela ocorre quando uma camada de ar quente fica acima de outra, mais fria, próxima à superfície terrestre, impedindo a convecção natural que dispersa os poluentes, infelizmente, tão comuns às grandes cidades. O problema, a princípio, pode ocorrer em qualquer época do ano, mas é agravado — e, portanto, mais percebido — durante o inverno por causa das estiagens prolongadas. Assim, altas concentrações de monóxido e dióxido de carbono, enxofre, ozônio, poeira e uma infinidade de outras substâncias tóxicas transformam a vida de milhares de pessoas em um pesadelo alérgico, aumentando sobremaneira as internações e mortes por complicações respiratórias.

Por outro lado, talvez o fato de São Paulo, até hoje, não possuir uma linha férrea interligando os três principais aeroportos do estado, por exemplo, tenha seu lado pró-ambiental, afinal, um único avião em uma única viagem pode lançar mais poluentes na atmosfera do que o uso anual de qualquer veículo automotor à combustão altamente poluente. Não fossem o deficit logístico histórico e os altos pedágios das exemplares vias paulistas, talvez o acréscimo gerado no setor aéreo — e na economia, em geral — tivesse produzido maiores danos ambientais ainda.
Notou como há coisas muito mais difíceis de se entender — e de explicar — do que a matéria das saudosas aulas de ciência sobre a termodinâmica dos gases perfeitos e suas consequências meteorológicas? O conceito de sustentabilidade é um exemplo típico disso!
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