quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"Burrocracia"


Quem visita Praga, uma das cidades mais lindas da Europa, pode se espantar ao dar de cara com o Café Franz Kafka, meio escondido entre os becos e ruas estreitas da capital tcheca. Um dos maiores nomes da literatura ocidental do século XX, Franz Kafka (1883-1924), foi um dos mais importantes escritores de ficção em língua alemã, apesar de ser tcheco. Nascido no seio de uma família judia de classe média, Kafka, apesar de praticamente fluente em tcheco, teve o alemão como sua primeira língua, com a qual produziu suas obras literárias. De modo geral, seu trabalho é marcado por conflitos existenciais, culpa, perseguição, etc., ao ponto dos estudiosos chegarem a definir um mundo kafkaniano.

Quem nunca leu nenhum de seus livros, prepare-se! Bastante minucioso, Kafka apresenta seu mundo de forma impessoal e pode levar os mais ansiosos à loucura! Uma de suas principais obras, O Processo (1925), conta a história de um certo Joseph K., um pacato cidadão que é preso, julgado e condenado sem sequer saber por que. O leitor é levado a se desesperar, tanto quanto o protagonista, com a burocracia e a impessoalidade do sistema estatal. Qualquer semelhança é mera coincidência...

À despeito do tom sério e monotônico do texto, há passagens divertidíssimas, como logo no início, quando K. acorda e é surpreendido por dois agentes:

(...) — Não pode sair, está preso!
— É o que parece — revidou K. — Mas por que? — acrescentou em seguida.
— Não estamos autorizados a dizer-lhe. Vá para seu quarto e espere lá. Abriu-se um inquérito contra o senhor, que será informado de tudo no devido tempo. Estou infringindo as ordens que me foram dadas, falando-lhe assim gentilmente. Espero, porém, que ninguém esteja ouvindo a não ser Franz, que por sua vez também se permitiu demasiadas cordialidades ao dirigir-se ao senhor. Se continuar a ter tanta sorte como a que teve com os dois guardas escolhidos para vigiá-lo, pode sentir-se confiante quanto ao resultado final.
(...)


E se você acha que a burocracia brasileira é terrível, leia o livro. E você vai descobrir que a gente não inventou nada!



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