Qualquer engenheiro, cientista ou pesquisador sabe que o avanço em uma determinada área da ciência está intimamente relacionado ao volume de investimento destinado à pesquisa dessa área. Um exemplo típico e genuinamente brasileiro foi o da viabilização do etanol como combustível alternativo à gasolina durante a crise do petróleo na década de 1970. Idealizado pelo físico José Walter Bautista Vidal e financiado pelo governo brasileiro, o Programa Nacional do Álcool (Pró-álcool) transformou o Brasil no primeiro país do planeta a utilizar um combustível renovável em larga escala. — Só a título de curiosidade, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da proteção anti-corrosiva dos antigos carburadores dos carros a álcool, Prof. Dr. Stephan Wolynec, permanece como professor titular do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Atualmente, entretanto, o grupo que detém a chave do cofre, ou seja, os membros do Poder Executivo, é justamente quem parece não saber dessa estreita relação entre investimento e avanço científico. Enquanto o mundo¹ ² luta para se livrar das usinas nucleares, tanto a Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, quanto o Ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, planejam gastar algumas dezenas de bilhões do orçamento na construção de novas usinas nucleares. Só a conclusão de Angra III custará aos cofres públicos cerca de R$ 7,5 bilhões! Se uma fração disto fosse investido na prospecção de energias limpas e renováveis, como a solar e a eólica, os ganhos não se limitariam apenas a um novo pioneirismo brasileiro na área energética, mas também na melhoria da debilitada produção científica nacional. Entretanto, segundo a ministra Dilma, é uma piada pensar, hoje em dia, na energia solar e/ou eólica como fontes alternativas para uma reconfiguração da matriz energética brasileira.
O Brasil é o maior país em extensão territorial na região do equador, o que nos leva a pensar que se a energia solar não for viável aqui, não o será em nenhum outro lugar do mundo. Além disso, a região nordeste, principalmente o Ceará, conta com ventos contínuos em uma quantidade pelo menos duas vezes superior à que foi necessária para viabilizar economicamente a obtenção de energia eólica na Alemanha, por exemplo. Segundo o Greenpeace, há um potencial de praticamente duas "Itaipus" no litoral cearense. Sem falar no que campanhas estatais bem dirigidas poderiam ganhar em termos de otimização energética³ em regiões densamente povoadas como as grandes capitais.
Mesmo assim, continuamos fazendo "piadas" com antigas fórmulas aplicadas a problemas novos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário