"Lá, caído, parecia não querer acreditar que havia sucumbido novamente. Sentia-se já sem forças, humilhado, deprimido e sem esperanças. Pensava, dessa vez, ter mapeado todas as possibilidades, considerado adequadamente os riscos e adotado a melhor estratégia, mas estava errado mais uma vez.
Pensou no fim e nem poderia pensar em algo diferente. Desistir, naquele momento, era, sem dúvida, a alternativa mais sensata, depois de tudo que passara. Mas antes era preciso convencer a própria consciência, a única coisa em si que se recusava a aceitar passivamente aquela situação.
Reuniu forças e moveu o rosto em direção ao céu. Estava escuro, sem estrelas ou luar, nem parecia ter aberto os olhos. O desânimo e o cansaço se misturavam às dores por todo o corpo e não quis mover mais nada. Seu desejo era de que alguém desse um término para tudo aquilo, ali mesmo e naquele momento. Bastava de dor, frustração, humilhação e sofrimento. Queria o paraíso, se houvesse algum, ou apenas o silêncio do fim, mais nada...
Lembrou-se vagamente de uma conversa que teve momentos antes de sua derradeira queda e se revoltou. Como alguém lhe poderia considerar como herói de alguma espécie, colecionando aquele sem número de derrotas, uma após a outra? Lamentou-se mais uma vez e cerrou os olhos de novo.
Ocorreu-lhe, então, que não dariam a ele o fim que desejava e que portanto teria apenas duas opções: permanecer ali ou levantar-se mais uma vez. Respirou fundo, fingiu não sentir todas as dores que sentia, buscou forças de onde achava que não tinha e se levantou só por mais esta vez.
Sacudiu a poeira, olhou para a frente e continuou a caminhar..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário