Em 2007, a Universidade de São Paulo, uma das mais conceituadas do Brasil, e talvez de todo hemisfério sul, foi palco de um vexatório caso de plágio. Em maio deste ano, um engenheiro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte plagiou dois artigos, praticamente inteiros, de grupos de pesquisadores da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E, finalmente, para não parecer que este seja um problema exclusivamente brasileiro, outro caso de plágio, desta vez envolvendo cientistas da Universidade de Newcastle no Reino Unido, foi noticiado, recentemente, em agosto último.
Sem qualquer pretensão de julgar ou justificar as intenções dos plagiadores, é bom que se diga: não há uma disciplina sobre metodologia científica na grade curricular da educação brasileira. Pior, são raras são as graduações e pós-graduações que chegam a oferecer essa matéria. Além disto, com o crescente volume de informação disponível, principalmente na internet, fica cada vez mais fácil apropriar-se de idéias alheias como se fossem próprias. Se você é professor ou professora, já deve ter identificado vários trabalhos do tipo "copy-and-past" ("copiar-e-colar") da internet, entregues sem a menor vergonha...
Não bastasse tudo isso, uma rápida busca pela rede mundial já é suficiente para se encontrar desde diplomas prontos até profissionais que, bem pagos, encarregam-se da pesquisa, redação, referenciação e diagramação para qualquer estudante mais ocupado. Parece que o "ter" tem conseguido se manter como mais importante do que o "ser" na sociedade moderna.
A parte cômica, para não ficar apenas na trágica, é que a também inocência parece aumentar na mesma proporção: como a fonte da informação "não é relevante", qualquer coisa que qualquer pessoa diga ou escreva passa a ser digno de atenção. Basta notar a quantidade de lendas urbanas e casos "sem-pé-nem-cabeça" que inundam nossas caixas de mensagens eletrônicas e, muitas vezes, até servindo como argumentos para os mais diversos pontos de vista. E quantos julgamentos não são feitos apenas com o que se ouve dizer?
O tomar para si as idéias de outrem encerra uma armadilha meticulosamente preparada por gente mais inteligente. Acaba que o espertalhão, cedo ou tarde, vira motivo de piada entre seus pares pensantes.
Parece que mesmo depois da famosa transmissão de Orson Welles, há 71 anos atrás, há quem, ainda hoje, aceite qualquer informação sem ao menos refletir sobre ela...
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