domingo, 22 de novembro de 2009

Cinco, Quatro, Três, Dois, Um...


Se sua vida estivesse prestes a terminar, se lhe restasse apenas alguns poucos instantes neste mundo, de quais momentos se lembraria? Daquele minuto em que tomou consciência de que não daria tempo para terminar o relatório ou dos segundos em que abraçou um ente querido? Das horas que passou sem dormir por causa daquele compromisso profissional ou daquela fração de segundo de autêntica felicidade entre amigos? Dos dias que passou emburrado por causa de uma discussão inútil no trânsito ou do instante exato em que sentiu aquele frio na barriga ao ver a pessoa amada?

A escassez de tempo é uma ótima professora para quem não sabe como priorizar as coisas. Ao aumentar a velocidade do carro, por exemplo, pode-se perceber facilmente como a displicência dá lugar, automaticamente, à atenção focada no que é mais importante ao longo do percurso. O problema é que a velocidade vicia e só quando se para, eventualmente, é que se percebe a infinidade de detalhes importantes perdidos pelo caminho.

É óbvio que a vida profissional e os compromissos sociais são muito importantes, ou ninguém se ocuparia deles. Mas há inúmeros outros aspectos da vida pessoal tão ou mais importantes sendo, muitas vezes, negligenciados. Talvez uma conversa tola em uma roda de amigos, talvez o prazer de ter lido um determinado livro, talvez um simples sorriso arrancado às pressas do rosto de alguém... Coisas que, racionalmente, jamais seriam priorizadas face a uma reunião de trabalho mas que, sem dúvidas, marcam profundamente o espírito de quem as vive.

E foi em uma dessas conversas sem importância que minha querida prima me lembrou disso, dizendo que serão momentos assim que provavelmente relembraremos nos últimos cinco segundos de vida. E provavelmente, todo o resto é maya, como diriam os hindus, ou uma vã tentativa de se alcançar o vento, segundo os cristãos...

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